segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Presente e futuro!

Amores, me desculpem o grande e repentino sumiço.
Mas tenho um bom motivo para ter desaparecido por tanto tempo, tenho passado muito mal nas ultimas semanas e em função disso, tudo o que diz respeito a minha vida virtual ficou de certa forma estagnada. Porém garanto a todos vocês que foi por uma boa causa.
Recentemente descobri que me encontro na situação mais mágica e poética da vida de uma mulher (embora não seja a mais confortável...), tenho o privilégio de gerar dentro de mim nesse exato momento outro ser humano, e é devido a falta de conforto já citada a cima que se da o meu desaparecimento desse espaço que criei e que aprecio tanto onde posso ter contato com tantas pessoas maravilhosas que vivem ou viveram situações semelhantes as minhas.
Apesar de todos os desconfortos, de todos os enjoos, de toda a falta de disposição, só posso compartilhar com vocês nesse momento a minha grande alegria, além de tudo pela minha entrada em mais uma fase da vida.
Ficou para trás a dor do vaginismo, a insegurança  que eu sentia em relação ao sexo, o medo de que a penetração vaginal de alguma forma mudasse a pessoa que eu sempre fui, e hoje encaro uma nova vida, uma nova responsabilidade e uma nova realidade me encara de frente.
Agora me preparo para aperfeiçoar a mulher que sempre fui, ser a esposa que sempre sonhei ser, e a mãe que imagino que possa me tornar.
E venho aqui mais uma vez dizer a todas vocês: É POSSÍVEL SUPERAR O VAGINISMO! TODAS NÓS TEMOS ESSA CAPACIDADE DENTRO DE NÓS, NUNCA DESISTAM DO QUE VOCÊS PODEM FAZER!
Desejo sempre a cura de todas! E não vou deixar de fazer postagens por aqui, apenas vou diminuir a frequência de acordo com as mudanças na minha disposição devido a gestação e ao futuro parto e na minha própria vida. Mas ainda desejo dar apoio a todas que quiseram falar comigo por qualquer meio de comunicação.

Muitos beijos, força e cura a todas!
Luthy Fray.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Novas tendencias cinematográficas

Já tinha feito uma postagem aqui sobre masturbação e pornografia, logo quando entendi no que consistiam os meus exercícios físicos dentro do tratamento do vaginismo. Mencionei muito por cima as minhas experiências e as minhas impressões sobre alguns detalhes dessa descoberta. Descobri logo de cara que não é qualquer filme pornô que me agrada e que acima de tudo eu acreditava por algum motivo que mulheres se excitarem com filme desse gênero era uma coisa errada. (na verdade coisa de quem foi criada em família machista e opressora como a minha...rsrsrsrsrsrsrs)
Acho que li em alguma revista feminina que homens respondem melhor a estímulos visuais por isso a fixação nesse estilo de filme, e devo ter enfiado na minha cabeça em algum momento que por isso apenas eles poderiam ver interesse nesse tipo de coisas.
Bom, venho aqui depois de 6 maravilhosos meses de cura, para contar que tudo o que escrevo acima era preconceito meu, coisa de vagínica que não se permite ousar. E que o mais interessante de tudo é que já tem gente investindo em pornografia específica para a mulherada.
Com histórias muito mais interessantes, atuações infinitamente melhores e uma fotografia de dar inveja a muito filme de Hollywood os filmes da sueca Erika Lust, são voltados especialmente, mas não exclusivamente ao público feminino.
Eu já assisti um particularmente muito bom chamado Life, love, lust, mesmo com legendas apenas em inglês o filme é de uma arte surpreendente e fica longe dos velhos clichês de filme pornôs, na verdade acho até que a classificação mais apropriada é filme erótico, por que diferente do que estamos acostumadas a ver por aí, apesar da grande maioria das cenas serem de sexo propriamente dito, não há aquele escrachamento, nem aquele abuso excessivo e desconfortável da imagem da mulher. É tudo muito bem feito e intrincado, muito real até.
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas fica aqui a minha recomendação de filme erótico/pornô. O ponto negativo fica por conta da dificuldade em encontrar os filmes para baixar ou mesmo para assistir online, e da inexistência de legendas em português, mas como as histórias são perfeitamente compreensivas mesmo para quem não tem um inglês tão bom assim, a falta de legendas não prejudica a apreciação do filme nem da história.
Espero que tenham gostado da postagem diferente de hoje.

Força, paciência e coragem na caminhada rumo a cura.
Luthy Fray

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Terapia é vida!

Seis meses se passaram após a cura, hoje não tenho nenhum problema em assumir pessoalmente que tive vaginismo. A fase da vergonha e da alimentação de tabus, ficou para trás.
Muitas pessoas atualmente quando digo que fiz terapia me perguntam o motivo de eu ter procurado auxilio psicológico, e fico muito feliz comigo mesma em poder responder sem exitar qual foi o meu problema e como ele foi curado.
Ainda não sei qual é o botão que a terapia consegue apertar em nossa cabeça que faz com que nos curemos. Se me perguntarem hoje o que foi que me fez chegar onde cheguei não vou saber explicar. Sei que foi um caminho luminoso na grande maioria dos pontos, cheio de aprendizagens e novas descobertas, coisa que sempre vou carregar comigo a partir daquele ponto. Mas não sei explicar exatamente o que foi que a minha terapeuta fez durante todo o ano em que nos vimos periodicamente, que fez com que eu finalmente conseguisse me soltar das amarras que me prendiam.
O que posso dizer a todas as meninas que procuram a cura para o vaginismo é que todas sem dúvida conseguirão encontrá-la, o que nos separa da cura é o medo, e uma hora ele vai sumir. E quando ele se for a vida vai ser outra, tenham certeza disso.
A minha vida foi mudada tanto em aspectos emocionais, quanto em aspectos práticos, tudo redefinido e reformulado. A pessoa que começou o tratamento em 2013 continua aqui, mas a versão mais nova dela é tão melhor, tão mais segura de si, que não há dúvidas que a melhor decisão que tomei foi optar pela terapia sexual!
Ainda fico muito enraivecida com as mulheres que dizem que querem se curar do vaginismo para serem mulheres de verdade, mulheres completas, acho uma fala um tanto machista, afinal que mulher precisa ser penetrada pelo pênis de um homem para se sentir verdadeiramente mulher? Ser mulher é muito mais do que se permitir ser penetrada, é aprender a respeitar o próprio corpo, é aprender a se amar, é aprender a sentir prazer sem culpa e sem precisar necessariamente de outra pessoa para isso, é aprender a lidar consigo mesma, ser mulher é muito mais complexo do que apenas ter uma relação sexual com penetração. E acima de tudo ter um relacionamento é muito mais do que ter uma relação sexual com penetração, essa é uma das coisas mais importantes que eu aprendi em todo esse caminho. O sexo é importante num relacionamento amoroso, mas sexo é muito mais do que penetração e relacionamento amoroso NUNCA é só sexo! Muitas mulheres que não passaram pelo vaginismo demoram a vida inteira para descobrir essas duas coisas e continuam alimentando conceitos machistas sobre o que é ter um relacionamento e o que é ser mulher.
Um dos meus maiores orgulhos hoje em dia foi ter feito terapia, pois ao contrário de muitas pessoas tive um problema e fui atras da tentativa de superá-lo, e como aprendi, e como perdi preconceitos com essa superação.
Tenham paciência e se aceitem meninas, são dois pontos importantes no caminho para a cura, é dessa forma que domamos nossas próprias feras!

Beijos e força a todas.
Luthy Fray.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O amor em nós.


Pessoal, a postagem de hoje não é exatamente de autoria minha. Mas se trata de um texto que vi na internet que apesar de não citar o vaginismo em si, fala muito e de todas as formas da condição da mulher vagínica.
Espero que gostem:

PERTURBAÇÕES NOS ÓRGÃOS GENITAIS - MENSAGENS DO CORPO

“Acredito que criamos todas as "doenças" de nosso corpo. Ele, como tudo o mais na vida, é um reflexo dos nossos pensamentos e crenças interiores. O corpo está sempre falando conosco, só precisamos parar para ouvi-lo. Cada célula sua reage a cada pensamento que você tem e cada palavra que fala.
Os órgãos genitais são a parte mais feminina de uma mulher e a parte mais masculina do homem, e representam a feminilidade ou a masculinidade, nosso princípio masculino ou nosso princípio feminino. Quando não nos sentimos à vontade em ser um homem ou uma mulher, quando rejeitamos nossa sexualidade, quando rejeitamos nosso corpo por considerá-lo sujo ou pecaminoso, frequentemente temos problemas na área genital. É muito raro eu encontrar alguém que foi criado num lar onde os órgãos genitais e suas funções eram chamados pelos seus nomes corretos. Todos nós crescemos usando eufemismos de um tipo ou de outro. Você se recorda dos que sua família empregava? Podiam ser tão delicados como "lá em baixo" até palavrões que o faziam sentir que seus órgãos eram sujos e nojentos. Sim, todos crescemos acreditando que havia algo não muito bom entre nossas pernas.
Acho que a revolução sexual que explodiu há alguns anos foi, de certa forma, uma coisa boa. Começamos a nos afastar da hipocrisia vitoriana. Subitamente tornou-se certo ter muitos parceiros e tanto homens como mulheres podiam ter aventuras de uma só noite. A troca de casais tornou-se mais aberta. Com tudo isso, muitos de nós passaram a gozar o prazer e a liberdade de nosso corpo de um modo novo e aberto. Todavia, poucos de nós pensaram em lidar com o que Roza Lamont, fundadora do Self Communication Institute, chama de "Deus de Mamãe". O que sua mãe lhe ensinou sobre Deus quando você tinha três anos ainda está no seu subconsciente, a não ser que você já tenha feito algum tipo de trabalho mental para libertá-lo. Aquele Deus era raivoso, vingativo? O que aquele Deus pensava sobre sexo? Se ainda estamos abrigando essas primeiras sensações de culpa a respeito da sexualidade e do nosso corpo, com toda certeza iremos criar punições para nós mesmos.
Problemas de bexiga, ânus, próstata, pênis, bem como a vaginite, têm origem nas crenças distorcidas sobre nossos órgãos genitais e no valor de suas funções. Cada órgão de nosso corpo é uma magnífica expressão de vida com sua própria e especial função. Não pensamos em nosso fígado ou em nossos olhos como sendo sujos e pecaminosos. Por que então escolhemos acreditar que os órgãos genitais o são? O ânus é tão belo como o ouvido, por exemplo. Sem o ânus não teríamos como expelir aquilo de que o corpo não precisa mais e morreríamos bem rapidamente. Cada parte e função do nosso corpo é perfeita e normal, bela e natural.
Peço aos clientes com problemas sexuais que comecem a se relacionar com seu reto, pênis ou vagina com um sentido de amor e apreciação pelas suas funções e sua beleza. Se você está estremecendo ou ficando irritado com o que está lendo aqui, pergunte-se: por quê? Quem o mandou negar qualquer parte de seu corpo? Com toda certeza não foi Deus. Nossos órgãos sexuais foram criados para nos dar prazer. Negar isso é criar dor e castigo. O sexo não é apenas "legal", ele é glorioso e sensacional. É tão normal para nós fazer sexo como respirar e comer.
Apenas por um instante, tente visualizar a vastidão do Universo. Ela está além de nossa compreensão. Até mesmo os maiores cientistas com os equipamentos mais modernos que existem não podem medi-la. Bem, dentro desse Universo há muitas galáxias e numa das menores delas, num cantinho afastado, existe um sol de menor grandeza. Em torno desse sol giram umas poeirinhas, uma das quais é chamada de planeta Terra. Ora, acho difícil acreditar que a imensa, incrível Inteligência que criou o Universo inteiro seja apenas um velho sentado numa nuvem acima do planeta Terra... espiando o que faço com meus órgãos genitais! No entanto, a maioria de nós teve esse conceito enfiado em nossa mente quando éramos crianças.
É absolutamente vital desprendermos de nossa mente essas idéias tolas, antiquadas, que não nos apóiam nem nos nutrem. Insisto também que até nosso conceito de Deus precisa ser mudado, de forma que tenhamos um Deus para nós, não contra nós. Quando retiramos a culpa sexual das pessoas e as ensinamos a se amarem e se respeitarem, elas automaticamente passam a tratar melhor a si mesmas e aos outros, o que resulta no seu mais alto bem e maior alegria. O motivo de termos tantos problemas com nossa sexualidade é o ódio e o nojo voltados contra nós mesmos, o que nos faz tratar a nós mesmos e aos outros com mesquinhez.
Não é suficiente ensinar a mecânica da sexualidade nas escolas. É preciso, num nível bem profundo, lembrar às crianças que seu corpo, órgãos genitais e sexualidade devem ser motivo de júbilo. Creio firmemente que os que se amam e amam seu corpo não maltratam a si mesmos e aos outros.
Em minha prática, descobri que a maioria dos problemas de bexiga têm origem na raiva contra o parceiro. O que nos irrita está relacionado com nossa feminilidade ou masculinidade. As mulheres têm mais distúrbios de bexiga do que os homens porque têm uma maior tendência para ocultar sua mágoa. Voltando à vaginite, ela em geral está envolvida com a sensação de se sentir romanticamente magoada por um parceiro. Os problemas de próstata têm muito a ver com a autovalorização e a crença de que à medida que vai se tornando mais velho o homem torna-se menos homem. A impotência tem origem no medo e às vezes está relacionada com o ressentimento contra uma parceira anterior.
A frigidez também vem do medo ou da crença de que é errado gozar dos prazeres do corpo. Ela pode ainda ser causada por nojo contra si mesmo e às vezes é intensificada por um parceiro de pouca sensibilidade.
A síndrome pré-menstrual, que vem atingindo proporções epidêmicas, está diretamente relacionada com o aumento da propaganda nos meios de comunicação. Esses anúncios imprimem sem parar nas mentes femininas que o corpo deve ser borrifado, empoado, lavado e de uma forma geral super-higienizado com os mais diferentes produtos para torná-lo razoavelmente aceitável. Ora, ao mesmo tempo que as mulheres estão assumindo sua posição igual na sociedade, também estão sendo bombardeadas com a mensagem negativa de que os processos orgânicos femininos têm algo de errado. Isso, combinado com a exagerada quantidade de açúcar que atualmente é consumida, cria um campo fértil para a síndrome. Os processos orgânicos femininos, inclusive a menstruação e a menopausa, são normais e naturais, e devemos aceitá-los como tal, mantendo sempre em mente que nosso corpo é belo, magnífico e maravilhoso.
Acredito que as doenças venéreas quase sempre são sinal de culpa sexual. Elas vêm de uma sensação, muitas vezes inconsciente, de que não é certo nos expressarmos sexualmente. Um portador de doença venérea pode ter muitos parceiros, mas somente aqueles cujos sistemas imunitários físico e mental são fracos serão suscetíveis a ela. Além desses antigos males, atualmente a população heterossexual criou um aumento da herpes, que é uma doença que fica indo e vindo para nos "punir" pela crença de que "somos maus". A herpes tem a tendência de surgir quando estamos emocionalmente desequilibrados, o que por si só já conta muito.” -  Louise Hay
Retirado de: https://www.facebook.com/groups/325118387513639/permalink/955102131181925/, às 12:16 am. (transcrição em português do brasil)
Espero que tenham gostado, se inspirado e se identificado!
Termino esse post desejando a todas vocês um amoroso despertar da consciência de seus corpos, por que esse é o real caminho para a cura! ;)
Beijos e foça!
Luthy Fray

Resposta da Luthy

Olá novamente meus queridos!
Antes de qualquer coisa me desculpem a demora nas postagens é que além de ter tido as férias antecipadas em função da copa do mundo, no fim da contas passei todos os dias que deveriam ser de folga correndo atras de coisas do trabalho, mas enfim!
As postagem específicas de respostas não irão acontecer por que eu só recebi duas perguntas, uma que foi respondida nos comentários do post anterior e uma que vou responder aqui mesmo:

1 ) OLÁ, GOSTARIA DE SUA AJUDA. TENHO 41 ANOS, NÃO SOU HÉTERO, NÃO ME VEJO ASSIM, E NUNCA TIVE RELAÇÕES SEXUAIS, POIS NÃO CONSIGO NEM DEIXAR Q ME TOQUEM DIRETAMENTE. GOSTARIA DE SABER QUAL A SOLUÇÃO PRO MEU CASO, POIS ME SINTO INFERIOR ÁS OUTRAS PESSOAS, PQ PRA ELAS ISSO É MUITO FÁCIL, E PRA MIM NÃO. MUITO OBRIGADA PELA AJUDA.


Resposta: Querida, acho que aconselharia a ajuda de um terapeuta em qualquer caso de desconforto que tenha a ver estritamente com a nossa mente. Você NÃO é inferior a ninguém, todas as pessoas tem as suas limitações e isso não faz delas inferiores nem superiores a nenhum outro ser humano. Somos todos seres imperfeitos, tentando achar um caminho em nossas existências e procurando o melhor jeito de lidar conosco. Não há desafio maior na vida do que aprendermos a lidar com nós mesmos. Tenha força e coragem para procurar ajuda, todos nós precisamos dela em algum momento da vida! ;)


Beijos e força na luta!
Luthy Fray

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Pergunte a Luthy!

Pessoal, estava respondendo o comentário de uma leitora, a Mabi, pois ela tinha dúvidas sobre como fazer exercícios com os dilatadores vaginais se mulher ainda tiver o hímen intacto. E me lembrei de quantas dúvidas temos quando estamos nessa fase do tratamento. Então resolvi fazer uma postagem diferente, e tentar tornar o blog mais dinâmico no que se refere a proximidade das minhas conversas com as meninas vagínicas e com os meninos que se relacionam com elas.
Pensei que uma boa forma de colocar essa ideia em prática seria se vocês me enviassem as dúvidas que tem sobre o tratamento feito com psico terapia, ou sobre a primeira relação sexual com penetração, ou sobre rompimento de hímen, enfim e eu responderia em outra postagem. O que vocês acham? Se quiserem nem publico a pergunta de ninguém, edito todos os questionamentos e os publico de forma que não exista maneira de identificar as pessoas que perguntaram.
Vou ver se a ideia pega e a partir do dia 20/06 começo a responder as dúvidas de quem enviar.
Espero que gostem dessa nova maneira de nos comunicarmos!
Beijos e força a todas que ainda estão em busca da cura!
Luthy Fray.

domingo, 18 de maio de 2014

A nova vida!

Hoje volto a falar de sexo por aqui, um mês e alguns dias após ter finalmente encontrado a cura.
Meu mundo já é diferente, já aprendia muito do que gosto e do que prefiro não fazer, já descobri muito mais coisas sobre mim. Mas muitas coisas continuam iguais, e realmente gosto muito do que permaneceu.
Sempre pensei que quando finalmente tivesse vencido essa barreira algumas coisas estariam mudado em mim claramente, mas hoje vejo que tudo isso foi fruto de medos infundados.
Sempre pensei que quando isso acontecesse ficaria com algum sinal claro de que a minha velha e tão estimada virgindade, tinha me abandonado. Hoje tenho que assumir que essa era uma visão machista e preconceituosa que aprendi a ter sobre o assunto, além de bastante infantil também.
Todos esses meus medos infundados e infantis tem desaparecido com o tempo, e com muito prática (se é que vocês entendem o que quero dizer), tenho desencanado cada vez mais dessa questão e na medida que vem se tornando uma coisa mais corriqueira, todos os outros estranhamentos em relação a essa nova realidade vem desaparecendo aos poucos.
A cada relação sexual aprendo um pouco mais, sobre mim, sobre o meu marido, sobre o que as pessoas dizem sobre sexo, e sobre algumas lendas que escutamos a respeito desse assunto desde que somos muito pequenos para entender sobre o que se tratam.
De fato a cura tem sido apenas mais um passo na grande jornada do auto conhecimento, mas a partir daquele momento, um passo cada vez mais seguro e prazeroso.
Tenho que admitir que sexo com penetração, bem feito, bem compreendido e com amor é o ato mais mágico que já provei na minha existência. E hoje consigo entender bem mais o que a minha terapeuta dizia quando me falava que mesmo sem penetração, as relações sexuais que eu tinha com o meu marido, cheias de intimidade, cumplicidade, amor e compreensão era muito melhores do ponto de vista qualitativo, do que aquelas que eu invejava que contavam apenas com a penetração e algum tipo de afeto e atração física.
De fato o sexo é um ato mágico e potencialmente sagrado, mas muito mais simples e leve do que eu estava acostumada a imaginar.
Sei que todas as vagínicas em tratamento na hora certa vão encontrar a sua cura, mas no meu caminho algumas descobertas foram essenciais para atingir esse objetivo: conhecer o meu corpo, descobrir a naturalidade do sexo, encará-lo com leveza e perceber o quanto esse ato é simples de ser consumado.
A terapia foi um grande aprendizado, talvez a fase mais amorosa da minha vida até agora, o momento em que me ensinaram a lidar com os meu bloqueios, meus medos e minhas inseguranças com a maior quantidade de amor possível, e hoje só posso agradecer a todos vocês que me deram força, conselhos e calma sempre que precisei, a  maravilhosa profissional que me guiou nesse caminho e que cuidou de mim sempre com tanto carinho e dedicação e ao meu marido que com muito amor, não mediu esforços para me acompanhar nessa jornada que para nós dois estava apenas começando.
Nada nesse caminho foi em vão, tudo o que aprendi, tudo o que passei durante esse tempo me levou a ser hoje uma pessoa sexualmente mais livre e um ser humano mais amoroso com as pessoas a minha volta em diferentes situações.
Sei que ainda tenho muito o que aprender, mas espero sempre ter a oportunidade de ter esse espaço de troca de experiências para poder compartilhar meus conhecimentos e descobrir mais coisas ao lado de vocês.
Beijos e força a todas que estão em busca da cura, permaneço torcendo por vocês. Contem comigo para o que for necessário!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Assunto polêmico...


Normalmente, mesmo tendo a minha opinião própria sobre certos assuntos, prefiro me abster de discussões principalmente quando sei que as mesmas não levarão ninguém a lugar nenhum.
Mas o objetivo do blog é ajudar outras mulheres que tiveram, tem e terão vaginismo, isso quer dizer que discutir alguns assuntos que nos levem a refletir sobre por que desenvolvemos ou desenvolveremos esse distúrbio é sempre necessário. Muitos desses motivos são assuntos polêmicos em nossa sociedade e outros verdadeiros tabus, alguns ainda fingimos que já foram resolvidos e que atualmente já não são mais assim tão assustadores, mas na verdade apenas são protegidos por um silencio politicamente correto na intenção de que não e discuta mais as ideias que temos sobre os mesmos.
Enfim, muitas vezes se faz necessário tratar desses assuntos que mexem com as pessoas de várias maneiras e falar das barreiras que cultivamos em nossas vidas alimentadas pelo tipo de organização social que temos. Na postagem de hoje vamos falar de um desses assuntos polêmicos que muitas vezes se somam a outros fatores e nos fazem desencadear o vaginismo.
Eu não sou exatamente a pessoa mais cristã desse país, aliás nem sei se ainda dá pra me classificar assim. Não sou satanista, nem ateia, nem tenho nada contra Jesus, nem contra as crenças monoteístas, o que me preocupa é ver cada vez mais religiões pregando conceitos absurdos, sobre o que é ser mulher e sobre as regras que ditam a respeito de sexualidade.
Na verdade sempre tento ser muito aberta a todas as religiões, e por isso sempre acabo tendo esse tipo de pensamento sobre essas religiões, estou sempre procurando conhecer mais e me informar. Sempre caio no conto do "vai que eu gosto dessa determinada igreja ou filosofia", não custa tentar, mas na maioria das vezes acabo é quebrando a cara.
Nasci em uma família de católicos praticantes, onde a orientação era que a relação sexual só deveria acontecer após o casamento, e na verdade numa família assim ninguém nunca fala dos outros tipos de atos sexuais, como a masturbação, o sexo oral, etc (tudo isso considerando o quanto a virgindade é importante para essa religião e seu conceito se restringe apenas ao rompimento do hímen, e que o mesmo deve ser mantido intacto até o matrimônio). Mesmo deixando o catolicismo cedo, foi em meio a essa atmosfera que cresci. Hoje sei o quanto isso influenciou a minha personalidade e consequentemente o desenvolvimento do vaginismo.
Recentemente vi um vídeo de uma igreja protestante sobre namoro (o objetivo de ver o vídeo foi o de sempre, vai que eu gosto da abordagem do tema, a necessidade da crítica só veio depois de assistir o vídeo até o fim...), por indicação de uma conhecida que faz parte dessa instituição. O que mais me assustou, foi dar de cara com conceitos medievais em referentes a relacionamentos, que nem pensei que ainda se propagassem, mesmo sabendo o quanto algumas dessas igrejas são rígidas em relação a esse assunto.
As instruções do pastor em alguns momentos faziam até algum sentindo, principalmente se considerarmos o tipo de jovens que a nossa sociedade vem desenvolvendo, mas a medida que teoricamente o relacionamento deveria se intensificar, as orientações ficavam cada vez mais absurdas.
Segundo o vídeo, os jovens que não tivessem a intenção ou a condição, financeira e hetaria de levar o relacionamento ao casamento nem deveria iniciá-lo. (esse pensamento é comum mesmo entre os católicos, uma vez que também é o pensamento da minha mãe em relação a isso, mas só vale se a pessoa em questão for mulher, se for um homem ele tem todo o direito de conhecer quantas mulheres ele quiser sem nenhum compromisso de preferencia..., eu sei, a minha família é machista! Mas isso é assunto para outra postagem.)
Se o jovem tiver as condições citadas a cima, a primeira coisa a fazer é descobrir se o que ele sente pela pessoa é recíproco, e se for ambos devem passar por um período de oração para descobrirem através de Deus se é isso o que querem de fato (momento que o pastor chama carinhosamente de "fazer a corte", pra gente se sentir ainda mais no século XV).
Após esse período de recolhimento, eles devem se conhecer conversando e orando juntos, devem descobrir se querem as mesmas coisas, se gostam das mesmas coisas e se acreditam nas mesmas coisas. Essa é a parte que acho aceitável da coisa toda, na maioria dos relacionamentos a compatibilidade é essencial, então nesse ponto faz todo sentido.
E por ultimo, vem a orientação sobre o relacionamento físico, que é pontual, objetiva e não deixa espaço para questionamentos. Só deve haver contato físico após o casamento! E o pastor ainda se diz muito feliz por ter exemplos de pessoas dentro da igreja que guardaram o primeiro beijo da vida para o dia do casamento (fato que eu realmente espero que aconteça apenas na cabeça dele).
Depois de ver aquele vídeo tive a certeza de que a quantidade de mulheres vagínicas, no Brasil pelo menos, tende a aumentar de acordo com a passagem do tempo e a disseminação dessas religiões.
Vai demorar muito para que as mulheres tenham autonomia na nossa sociedade para compreender a diferença entre valorizar o próprio corpo e se privar da própria sexualidade por motivos machistas, em função de instituições manipuladoras como a que elaborou o vídeo citado nesse post e tantos outros por aí a fora.
Espero que tenham gostado e que possam refletir sobre o que temos em nossa vida e por que os deixamos lá, a intenção era a reflexão e não agredir nenhuma religião ou crença.
Boa sorte e força a todas na luta em busca da cura!

terça-feira, 8 de abril de 2014

A estrada em frente vai seguindo, Deixando a porta onde começa, Devo seguir nada me impeça...


Parece que foi ontem que a minha jornada em busca da cura do vaginismo começava. Agora que finalmente encontrei o que busquei por tanto tempo ficou apenas a nostalgia e a sensação de inconformidade, por que ainda não consigo entender como eu não sabia antes do que sei agora.
Ter alta da terapia foi uma coisa que me deixou um pouco sem chão, esperava que a minha médica fosse prorrogar a alta por umas duas sessões ainda, mas não tínhamos mais o que buscar naquele contexto. Era hora de me lançar na vida sem o apoio constante da terapia.
Nossa despedida foi emocionante e de alguma forma senti como se ela me mostrasse que fui tão especial para ela, quanto ela para mim. É estranho o vazio que provei ao ir embora da ultima sessão de terapia sexual, a felicidade leve de quem finalmente conseguiu atingir o objetivo pelo qual batalhou tanto, misturada com o pesar de alguém que vai sentir falta de toda a luta que a levou até ali.
Fiz exames ginecológicos no consultório normalmente, sem grandes desconfortos, mas não pude deixar de lembrar da primeira vez em que me sentei naquela "mesa" de exames e não pude suportar quase nada perto de mim, tamanha era a dor. Ainda me lembro do sofrimento, do desespero, da primeira longa conversa após a tentativa de realizar os tais exames, de como me senti anormal por não estar pronta para fazer nada daquilo.
O momento do fim me fez lembrar de toda as crises de choro, de todas as complicações, de todo o crescimento, de todos os tabus deixados para trás, de todas as coisas aprendidas e sentidas.
Dizem que no fim da vida vemos tudo o que vivenciamos passar diante de nossos olhos, bom no fim do tratamento do vaginismo vi tudo o que vivi nesse caminho voltar a minha mente de uma forma que tudo o que restou em mim foi felicidade e saudade. Sim, saudade!
Só tenho a dizer para quem ainda está em busca de tudo isso, que sexo com penetração vaginal é muito mais simples, natural e leve do que pensamos, embora realmente seja tão bom quanto dizem...rsrsrsrsrsrs! Não existe nada de mirabolante, não machuca (como eu pensava antes que aconteceria), e o famoso rompimento do hímen, praticamente não dói, é só uma ardência bem leve que na verdade você só vai sentir mesmo quando a relação acaba. O que quero que vocês descubram mais rápido do que eu, é que pouca coisa do que nos disseram sobre sexo é verdade, e muitas vezes nos prendemos aos relatos e experiencias de outras pessoas que dizem que foi tão ruim, mas tão ruim que apenas alimentam o nosso medo. Se fosse tão ruim assim, muitas delas estariam em nossos lugares hoje e não contando suas histórias de terror e tendo suas relações sexuais normalmente.
Não desistam, não desanimem, na maior parte do tempo eu pensei que não conseguiria chegar até aqui, mas cá estou, contando como é essa nova fase, como é virar a página do vaginismo em minha vida. E sei que todas nós temos essa capacidade!
Beijos e muita força a todas vocês!

terça-feira, 25 de março de 2014

O dia...

Sempre pensei em como seria essa postagem, em qual seria a sensação de viver essa experiencia e como eu estaria me sentindo no dia em finalmente pudesse escrever sobre isso.
Só tenho a dizer que tudo foi muito mais natural, leve, intenso
e simples do que eu esperava.
Finalmente consegui uma penetração normal com o meu marido, sem a dor do vaginismo.
Senti apenas a ardência do resto do meu hímen sendo rompido, mas nada da dor insuportável de antes, nem romper o hímen é tão doloroso quanto me disseram.
Com muita calma, paciência, carinho e amor foi tudo muito tranquilo e emocionante, nem acreditei no que estava fazendo e só me convenci colocando a mão lá para ter a certeza.
Depois que terminamos, que percebi o sangue e descobri o motivo da ardência, nem sangrou muito e não doeu...
Ainda estou feliz e estasiada com tudo isso.
Aparentemente as descobertas apenas começaram, tenho muito o que aprender em relação a sexo com penetração. Mas precisava contar as boas novas a vocês!
Obrigada pelo apoio constante de todos (as), espero ter ajudado vocês tanto quanto me ajudaram.
As postagens não irão parar por aqui, mas por hora essa era a notícia que eu precisava dar.
Obrigada, beijos a todos e força em suas lutas.

terça-feira, 18 de março de 2014

A magia do toque

Há algum tempo, quando a minha terapeuta me indicou alguns exercícios mais físicos para o avanço em busca da cura do vaginismo, tenho que admitir que eu não fui capaz  de entender (ou simplesmente bloqueie o meu entendimento) em relação ao que essa proposta significava. Encarei a coisa toda como uma lição de casa, um dever, uma coisa que eu precisava fazer para me curar e ponto final.
Fiquei extremamente frustrada por não conseguir resultados naquela época e mais de uma vez tive vontade de desistir de tudo, mas não desisti, continuei indo na terapia e discutindo os assuntos, refletindo sobre as minhas reações a determinadas atitudes e assuntos, e tentando entender os meus sentimentos quando não conseguia lidar com alguma coisa. E aos poucos fui me soltando sem perceber, reinventando o meu relacionamento comigo mesma.
Um dia, tentando inserir um dos dilatadores, percebi que tudo seria mais fácil se eu estivesse de fato com vontade de transar, e finalmente entendi, ou me deixei entender o que a minha terapeuta queria dizer quando falou para eu criar um clima relaxar e tentar. Teria sido muito mai simples se ela tivesse usado a palavra que eu esperava ouvir, mas hoje também acho que isso foi proposital. O segredo da coisa toda era a masturbação, que realmente eu não me permitia.
Refletindo hoje sobre a minha vida desde que comecei a ter contatos sexuais com meu marido (que na verdade foi a única pessoa com quem tive esse tipo de contato), percebi que permitia que ele me masturbasse, mas não conseguia tocar o meu próprio corpo com a intenção de ter prazer. Essa consciência abriu muitas portas no caminho da minha evolução do meu tratamento.
Me perguntei também nessa ocasião por que nunca havia me permitido assistir a filmes pornôs com a intenção de ficar excitada e percebi que encarava essa como uma atitude estritamente masculina. Na minha cabecinha oca, por alguma razão só era normal que os homens sentissem prazer com esse tipo de estímulo, acho que passei muito tempo ouvindo e dando ouvidos aquela velha história de que o homem é mais visual do que a mulher e por isso se interessa mais por coisas assim..., pode até ser verdade, mas o fato de os meninos se interessarem mais não quer dizer que as meninas não possam gostar também, e essa foi a parte que demorei muito para entender.
Assisti ao bendito do filme que achei mais interessante e não gostei, pelo simples fato de mostrar a mulher como um objeto que tem que satisfazer o homem até mesmo com o próprio orgasmo, mas descobri uma outra modalidade de porno visual que me atraiu mais e fez com que eu me sentisse mais relaxada, mesmo que de início eu não me deixasse entender a magia dessa vertente. O estilo chamado Hentai (tipo anime pornô e pra quem não sabe o que é anime, são aqueles desenhos japoneses) me soou muito mais interessante, sem contar que as histórias são muito mais complexas e de quebra você não é obrigada a lidar com aquelas "atuações" terríveis.
O mais importante é que tudo começou a andar mais rápido quando descobri que podia me tocar sem culpa e sem condenações inclusive do meu marido, que me apoiou muito até mesmo nesse momento. Hoje consigo me tocar não apenas sexualmente, mas de outras formas também; uma vez que estou usando os pesos de pompoarismo sempre consigo um tempo e um pretexto para me tocar com simples curiosidade e isso tem sido muito legal, por que consigo desmistificar na minha cabeça o pensamento de que vai doer se eu fizer alguma determinada coisa, ou que vou me machucar de algum modo, ou até mesmo de que alguma coisa (como o peso) vai se perder dentro de mim.
Mas para tudo isso, o toque foi fundamental. O toque, a calma, a vontade, a sensibilidade e a curiosidade.
Espero que tenham gostado. Boa sorte e boa luta!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Foi um longo caminho até aqui...

Hoje me sinto em um momento estranho, finalmente depois de todo o tempo em que montei o blog, me sinto chegar perto da verdadeira cura.
Finalmente consegui introduzir aquele vibrador comprado há tanto tempo e largado na caixinha das coisas do tratamento, e na segunda tentativa, consegui sentir prazer com o mesmo!
Tenho caminhado muito em busca dessa conquista, e agora de fato começo a me permitir, me permitir ter medo por alguns instantes, mas não deixar que esse medo me impeça de fazer alguma coisa; me permitir sentir prazer sexual propriamente dito, sem sentir que estou fazendo algo errado; me permitir confiar nos meus instintos, sem que o meu raciocínio influa tanto nas minhas decisões; me permitir ser leve quando quero ser leve, infantil quando quero ser infantil e madura quando quero ser madura; me permiti perceber que muitas pessoas não tem a oportunidade que o vaginismo me concedeu de me conhecer de verdade, de saber o que gosto e o que não gosto e de me sentir livre em relação ao sexo, percebi infelizmente que muitas mulheres que não passaram por isso não se concederam essa oportunidade e não tem a mesma qualidade de vida sexual que eu já tenho mesmo com a presença do vaginismo ainda por aqui.
Me sinto feliz com os avanços que e com o conhecimento que venho acumulando por causa desse caminho e me sinto mais em paz com o ritmo que precisei dar a minha vida sexual, mais lenta, mais minuciosa e mais sentimental mesmo.
Hoje olho em volta e tenho pena de quem leva o sexo como uma obrigação social, ou como uma obrigação para com a outra pessoa. E como ainda existem pessoas assim, homens e mulheres...
Começo a achar que o tratamento contra o vaginismo me fez bem em tantas áreas que nem posso dizer que faço terapia apenas por causa do vaginismo...tinha muita coisa pra resolver comigo mesma, e ainda tenho, na verdade acho que nunca vou deixar de ter. Mas pelo menos comecei a conhecer o corpo que habito, descobrir como ele é e do que ele gosta, e me relacionar com ele de alguma forma, pois pasmem, eu não fazia isso de nenhum jeito. E quando pensava no meu corpo, pensava apenas na imagem que as outras pessoas tinham dele.
Pois é estou me conhecendo, me reinventando, me amando mais, me descobrindo, me dando prazer e sendo feliz antes de qualquer coisa comigo mesma!
Mas ainda tenho um caminho a percorrer em direção a cura, longo ou curto, ele continua aqui na minha frente a espera de que eu tenha harmonia suficiente comigo mesma para poder percorre-lo.
A foto da postagem de hoje é diferente das usuais, mostra exatamente onde eu estou em relação a cura e tudo o que eu já consegui até aqui.
Espero que vocês tenham gostado.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

As descobertas em mim...

Hoje posso dizer que me sinto mais próxima da cura do que nunca me senti, principalmente pelo fato de acreditar mais em mim também, por me sentir melhor comigo mesma, para tentar mais, me arriscar mais errar e acertar mais.
Estou aprendendo a perder o medo que tinha de mim mesma. Mesmo depois de todos os exercícios, apenas quando comecei a me aventurar com os dilatadores da forma certa, percebi que tinha medo de me tocar, de me conhecer.
Quando falo de usar os dilatadores da forma certa, estou literalmente falando de masturbação, de aproveitar um tempo comigo mesma, com todo o carinho, desejo e cuidado que eu mereço. Não é que eu não receba tudo isso do meu marido, a questão não é essa, percebo apenas que aquele velho clichê sobre se amar antes de amar o outro, se aplica ao sexo também. Minha mente está em um relacionamento sério com o meu corpo há 25 anos, mas tem privado ele do prazer sexual, do auto conhecimento da minha própria sexualidade e isso não é certo. Hoje sinto como se me devesse os muitos anos de prazer e auto conhecimento dos e por isso tenho aproveitado o tempo comigo mesma, me conhecendo e perdendo o medo de mim.
O mais estranho é perceber que tinha medo de mim mesma, do corpo que me pertence desde o início dessa minha estranha existência. E por mais incrível que possa parecer, não é nada fácil perder o medo de si próprio. Se olhar com os olhos de dentro e descobrir o corpo que lhe pertence é desafiador.
Tenho feito sempre que possível os exercícios com os dilatadores, mas privilegiando o meu prazer, o meu tempo, as minhas vontades. Finalmente consegui introduzir os pesos para a prática do pompoarismo que havia comprado há tanto tempo e nunca tinha conseguido usar e tenho praticado com o objetivo de me conhecer, de conhecer os meus limites, de conhecer as reações do meu corpo a estímulos diferentes e tem sido cada vez mais produtivo.
Uma coisa que pensei que nunca seria capaz de fazer era utilizar os absorventes internos para a sua função prática, e esse mês finalmente fui capaz de fazê-lo, e me fez tão bem! Percebi ao colocá-los que agora conheço mais a minha anatomia, sei o que fazer para não me machucar e consigo controlar melhor a minha musculatura pélvica e tudo isso consegui apenas permitindo ampliar a minha própria visão sobre mim. Sobre o eu escondido e trancafiado dentro da minha própria vagina.
E tudo isso só me trouxe felicidade e bem estar. Então por que me escondo de mim? Por que me evitei por tanto tempo? Talvez a essa altura a resposta nem importe tanto, provavelmente a parte mais importante foi perceber que eu fazia tudo isso e tentar mudar as minhas atitudes. De qualquer forma esse é apenas um momento de felicidade e auto aprendizado, espero que muitos outros aconteçam e que eu tenha força para
continuar sempre buscando o auto conhecimento!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Dilatadores vaginais, um passo de cada vez!

Bom, todas as mulheres que conhecem o vaginismo há algum tempo, já ouviram falar dos famosos e difíceis de encontrar dilatadores vaginais.
Pois é, eu finalmente consegui adquirir o meu kit de dilatadores, que agora fazem companhia ao vibrador que eu já tinha há um tempo, mas que me intimidava pelo tamanho (não comprei um vibrador muito grande, mas mesmo assim é um desafio, uma vez que deveria (nos meus planos) ser a maior coisa que já consegui introduzir na vagina sem desconforto), enfim.
Na semana passada encontrei o site de um sex shop que vende esses queridos pela internet, mas já tendo passado pela experiência de tentar adquiri-los em sites do exterior e não receber fiquei um pouco desconfiada, até que achei um anuncio do produto no mercado livre, e como já conheço a dinâmica do site resolvi tentar. Com preço sensato e entrega rápida não tenho o que reclamar da compra. (no fim do post disponibilizo o link para vocês)
Um dia depois resolvi usá-los. Bem é um kit com 6 dilatadores, a minha meta era no mínimo chegar a metade do caminho. Mas já aprendi duas lições: 1 não adianta tentar sem querer sentir prazer com a tentativa, tudo tem que ser descontraído e sem cobranças (apesar da minha meta...), se não for agradável e você não consegui relaxar o resto do corpo, como vai relaxar apenas a musculatura vaginal? 2 não da pra ficar muito decepcionada toda vez que se estabelece uma meta em relação a isso e não a alcança, pelo simples fato de que você vai passar mais tempo e gastar mais energia ficando chateada por não ter conseguido do que tentando, e tudo isso nos atrasa em relação ao processo de cura.
Deitei, relaxei e tentei me dar prazer. Teria sido muito mais fácil com o meu marido, mas eu estava muito ansiosa para descobrir o que conseguiria fazer com os dilatadores para esperá-lo.
O primeiro(verde) foi tão fácil que eu quase não o senti, fiquei super feliz pelo simples pensamento de já ter superado aquela fase!
O segundo (rosa) foi extremamente confortável e prazeroso, tanto que acho que passei tempo de mais com ele, sendo que podia ter tentado o outro.
O terceiro (bege-amarelo) foi mais difícil, talvez por que eu já não estivesse mais tão excitada, talvez por que eu soubesse que ele é que seria o meu desafio, não sei. Entrou inteiro com muita facilidade, mas incomodou um pouco, depois que já estava lá dentro. Enfim, o meu método foi tentar relaxar e deixar ele lá por um tempo, senti-lo e esquecer a dor. Não foi tão ruim, mas ainda vou precisar de um pouco de treino, como precisei de treino para perder o medo do absorvente interno.
Não fiquei decepcionada de parar alí, muito pelo contrário, consegui perceber todo o caminho que já percorri para chegar aqui e ter a certeza de que muito ainda precisa ser feito.
Uma das vantagens que percebi ao usar os dilatadores foi realmente essa, ter parâmetros. Poder ver de fato o que você já fez e onde precisa chegar.
É preciso que fique claro que a cura do vaginismo não se trata apenas de se acostumar com a penetração em si. O vaginismo é um distúrbio muito mais complexo e não envolve apenas os empecilhos físicos, é preciso lidar com muitos fantasmas do passado e desconstruir muitos conceitos que passamos nossas vidas inteiras construindo e fortificando.
Então apenas comprar dilatadores, vibradores etc etc etc, não resolve o problema, existe muito a ser feito na mente antes que o corpo posso refletir essas transformações.
Ah, o link do mercado livre para a compra dos dilatadores é esse aqui embaixo:
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-530146378-dilatadores-e-penetradores-vaginais-absoloo-sexshop-5176-_JM
Continuamos na luta em busca da cura e do auto conhecimento.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Desconstrução...

Tinha muito em mente no final de 2013, achava que me livraria do vaginismo num piscar de olhos apenas com a minha força de vontade. Vocês não imaginam a minha decepção ao tentar mais de uma vez introduzir o bendito vibrador e não conseguir, ao sentir de novo todo o meu corpo se enrijecer, e ser tomado pela dor e a queimação já tão conhecida.
Como me senti mal nesses momentos, como quis esquecer tudo pelo que lutei até agora e sumir, mesmo sabendo que antes de mais nada, luto por mim mesma. Não posso negar que por mais de uma vez a minha vontade foi de simplesmente assumir a derrota e desistir. Mas no fim das contas, desistir não faz parte da minha personalidade, simplesmente não é o tipo de coisa que eu faria.
Enfim, decidi que era hora de relaxar e aproveitar as minhas férias sem me preocupar tanto com isso, afinal se o empenho extremo não estava me levando a lugar nenhum, talvez a tranquilidade me levasse.
Relaxei, aproveitei as minhas férias (que foram férias da terapia também) com o meu marido.
Em um dado momento de intimidade e empolgação, pedi para que ele devagar e com cuidado tentasse introduzir o dedo dele (muito maior do que o meu, e maior do que qualquer coisa que eu já tinha introduzido na minha vagina sem dor) em mim, mas tive o cuidado de tentar não me concentrar na sensação do dedo em si, mas sim nas outras coisas que estavam acontecendo naquele momento e que me davam prazer, (afinal, o objetivo era apenas diversão, se ele não conseguisse introduzir, estaríamos bem e continuaríamos nos divertindo como se nada tivesse acontecido) me perdi em meio as boas coisas daquele momento.
Muito tempo depois, me dei conta do tal dedo dentro de mim, e para a minha maior surpresa, percebi não pela dor, mas sim pelo prazer. E não pude deixar de ficar feliz naquele momento, pelo simples fato de descobrir que sou capaz de sentir prazer dessa forma. E no momento seguinte, o movimento ficou diferente, eu me desconcentrei e comecei a sentir a velha dor de sempre. Não fiquei triste, ainda me orgulho de ter me sentido bem naquele momento. Mas entendi um pouco mais de mim, e aprendi mais sobre todo esse processo.
No retorno a terapia, meu marido foi o primeiro a contar, orgulhoso o ocorrido a nossa médica, e tivemos uma sessão completamente voltada para o relaxamento depois de dizer tudo o que nos aconteceu nesse quase um mês em que não fomos a terapeuta.
Aos poucos, um passo de cada vez, começo a perceber que tudo o que acontece comigo na verdade tem a ver com os meus métodos de auto defesa, a cada exercício de relaxamento a minha vontade de sair correndo dali aumentava, até que a minha terapeuta conversou comigo com muita calma e carinho e me ajudou, pelo menos naquele momento a entender que muitas vezes eu não tenho do que me defender, então não preciso estar alerta e na defensiva o tempo inteiro, mesmo que muitas vezes eu nem perceba que essa é a minha postura.
Sei que de alguma forma no meu subconsciente somo isso ao fato de que, em muitos momentos importantes da minha vida negligenciei meu corpo e tudo o que poderia ser feito com ele, como se apenas o intelecto me bastasse, e nesse momento simplesmente não sei lidar com o corpo que sempre foi meu. Um dia me envergonhei do que estava me tornando fisicamente e hoje me envergonho do que não aprendi por essa atitude. Mas estou começando a entender que nenhuma dessa vergonhas vai me ajudar a superar os meus problemas atuais e que na verdade já passou da hora de me livrar delas, pois apenas tornam as minhas barreiras mais fortes.
Queria de fato que houvesse um botão na minha cabeça que fizesse a minha mente parar de funcionar nos momentos certos, mas passei alguns bons anos cultivando essa defesa, me livrar dela numa forma tão simples apenas não vai funcionar. A partir de agora a luta é contra o excesso de racionalidade e na verdade, acho que sempre foi. Somam-se as causas e quem sabe quando eu puder dar conta das mesmas, não consiga finalmente os diferentes efeitos que tanto anseio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Medo!


Estou há um bom tempo sem postar por aqui, pelo simples fato de que as vezes prefiro me afastar um pouco do assunto, viver a minha vida como se o vaginismo não existe de vez em quando me faz bem. Então me afastei durante as festas de fim de ano prezando apenas a minha paz de espírito.
Mas agora as festas acabaram e o ano começou mais uma vez, sei que nesse momento estou mais perto da cura do vaginismo do que já estive desde que iniciei a minha vida sexual, mas isso ainda não significa que cheguei a tão sonhada cura, nem sei ao certo quanto tempo ainda terei que trabalhar em mim e por mim para que a conquiste.
Comprei como tinha dito no post anterior o vibrador, cheguei em casa toda empolgada no mesmo dia e fui tentar introduzi-lo, cheguei mais uma vez na metade do caminho, não consegui colocá-lo até o final. Tinha comprado também os pesinhos para praticar o pompoarismo, mas também não consegui colocá-los até o final. Na verdade acho que me senti meio intimidada por todos esses novos objetos desafiadores no meu caminho. De início chorei, me senti mal, senti dor, parecia que todo o esforço que tinha feito até ali tinha sido completamente em vão.
Depois conversei com a minha médica que me esclareceu meia dúzia de fatos sobre a relação da adrenalina que eu libero no me corpo nesse tipo de momento em que fico tão ansiosa, e o que isso tem a ver com a contração muscular que me impediu de introduzir os dois objetos até o fim.
Ganhei alguns exercícios de relaxamento para fazer em casa, antes de tentar mais uma vez introduzir os pesos do pompoarismo ou o próprio vibrador, exercícios para fazer se conseguisse introduzi-los depois da minha ultima consulta de 2013 e exercícios para fazer se não conseguisse essa façanha.
O ano que se iniciou ainda não me trouxe a capacidade de introduzir nenhum dos novos objetos, e no fundo eu sei por que, na verdade tenho dois motivos que sei que influenciaram no meu fracasso em relação a isso, primeiro o fato de não ter feito os exercícios de relaxamento da forma correta, todas as vezes que tentei estava muito ansiosa para conseguir relaxar de fato, a verdade é que ainda tenho medo tanto do vibrador quanto dos pesos. Sinto o peso do medo cada vez que tento fazer os exercícios, e por isso sempre saio mais decepcionada do que antes de tentar.
Sei que não posso parar de tentar, pelo simples fato de que só superei o medo do absorvente interno tentando, relaxando e me esforçando, e a minha esperança é que um dia o vibrador seja como o absorvente um amigo e não algo que me cause medo nem dor.
Sei que ainda vou ter que trabalhar muito nesse aspecto, mas pelo menos tenho consciência mais do que nunca que o meu problema vem do puro e simples medo.