quarta-feira, 3 de julho de 2013

Médicos cubanos?!?!?!?!?!?!




Estava hoje acompanhando os manifestos pelo Brasil a fora, quando vi que o manifesto do dia na verdade é de médicos, que são contra o que nós, a mídia e as redes sociais chamamos de "importação de médicos". Apenas para os que por alguma razão não sabem o que vem acontecendo, vou explicar melhor qual é o projeto do governo brasileiro e qual é a polêmica em volta de tudo isso.
O nosso querido governo (não posso aqui falar apenas de presidente, afinal de contas nada é aprovado apenas pela presidência), está com um projeto que visa trazer médicos de Cuba para atender aqui no Brasil, uma vez que a nossa saúde é precária e coisa e tal e tal e coisa.
É claro que os médicos brasileiros são contra, como assim, você vai trazer pessoas de outro país para fazer o que os profissionais daqui já fazem?
Mas aí entramos em dois empasses que ninguém se lembra de falar, na verdade três, mas o terceiro vai ser discutido com toda certeza, uma vez que é contra o governo, e tudo o que é contra o governo da audiência e polêmica.
Então já que é para falar e polêmica, que comecemos pelo terceiro ponto, vamos falar da parcela de culpa do governo nisso tudo, é claro que não temos investimentos na construção de novos hospitais, que os hospitais que já existem, muitas vezes não tem materiais nem estrutura para alguns tratamentos e exames, isso é evidente dentro da nossa sociedade, todas as pessoas que já precisaram do Sistema Único de Saúde, o nosso famoso SUS sabem disso, ou já passaram por algum problema relacionado a falta de materiais e investimento em geral nos nossos hospitais e postos de saúde, agora lindamente chamados de UBS (Unidade Básica de Saúde), mas que continuam funcionando como os nossos antigos postos, pois a única mudança real foi o nome mesmo. O nosso governo de fato não investe como deveria a verba da saúde, isso sem contar que os médicos, pelo menos os contratados pelo Estado de São Paulo, ganham tão mal quanto os professores e os policiais. E realmente não existe por que trazer médicos de outros lugares se não temos condições de trabalho digno nem para os médicos que estão aqui. Ponto essa é a parcela de culpa dos nossos governantes.
Agora vamos discutir os outros dois pormenores que nada tem a ver com os políticos. Antes de qualquer coisa estamos falando de um blog voltado para as pessoas que de alguma forma sofrem com o vaginismo, acredito que não seja uma situação estranha apara ninguém que já começou o tratamento, ou estar começando, ir a um ginecologista, que na verdade nunca ouviu falar sobre vaginismo, e não sei se é por não saber do que se trata faz aquele exame físico que é como cortar a mulher por dentro, e realmente acredita que na verdade é frescura da mulher, afinal ela não pode estar sentindo tanta dor! Ou aquele médico que sabe do que se trata, sabe que o tratamento é mais complicado do que um psicólogo pode dar conta, mas te indica aquele "profissional" amigo que é psicólogo, e ainda tem a cara de pau de dizer que o seu parceiro vai te largar se você não conseguir permitir a penetração vaginal logo (como se isso fosse uma opção sua, mais uma vez, uma frescura da mulher), pelo menos eu passei por ambas situações quando comecei a procurar tratamento.
Então o primeiro contraponto que temos aqui é que muitas das especialidades médicas não são do interesse dos nosso médicos, e não digo isso apenas baseada nas minhas experiências, já ouvi relatos desse interesse da minha própria médica ao compartilhar casos médicos que tem a ver com sexualidade.
E agora vamos finalmente ao ultimo ponto, para quem não sabe, no interior do país, sabe, realmente no meio do mato, onde não há computadores e internet, precisa-se desesperadamente de médicos, a remuneração inclusive é absurdamente maior, mas os médicos não se interessam em ir trabalhar nesses locais, inclusive por que se aqui o investimento em equipamentos hospitalares já é tão pouco, imagine nesses locais, então nada mais simples do que trazer gente de fora que desconhece essa situação, lhes prometer a mesma remuneração e jogá-los nesses lugares, onde quase não existem recursos..., bom, voltamos a falar mal do governo! Mas além da cupa óbvia dos nossos governantes nesse assunto, vamos pensar um pouquinho, antes de explodir as ondas de protestos pelo país a fora e de surgir esse projeto da "importação" de médicos, ninguém se pronunciou, exigindo mais recursos para a saúde das áreas mais remotas do país, por que agora?
O fato é, não sou completamente a favor dos médicos, mas também não sou completamente a favor do governo, acho que a nossa sociedade ainda tem que mudar muito para ser no mínimo aceitável, e acredito que nós vagínicas deveríamos também estarmos lutando por nossos direitos, ou pelo menos pelo direito de ter um tratamento digno nos hospitais e um acompanhamento de verdade, não o faz de conta dos centros de tratamento como o CATVA.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O exercício do espelho



Estou um pouco atrasada em relação ao objetivo primordial desse blog, que é contar como está sendo o meu tratamento,mas pretendo colocar isso em dias agora que finalmente entrei de férias!
Bom agora estou num trabalho realmente psicológico com a minha terapeuta, conversamos bastante já sobre o fato de sexo ser tabu e por que, falamos sobre atos sexuais, sobre relação sexual, sobre sexualidade e distúrbios sexuais masculinos e femininos.
E agora finalmente entramos na fase dos exercícios para fazer em casa, que também ainda tem muito mais a ver com a questão psicológica presente no vaginismo do que com as questões físicas.
O nosso (digo nosso, por que o meu marido, que frequenta as sessões comigo também tem que fazer, mesmo que seja sozinho) primeiro exercício parece muito simples a nossos olhos e só quando começamos a fazer nos demos conta do quanto poderia ser incomodo. Se tratava de, uma vez por dia, durante 10 minutos nos olharmos no espelho, primeiro o rosto e depois ir descendo (obviamente que o exercício deveria ser feito sem roupa, afinal se olhar no espelho vestido acho que todo mundo olha o tempo inteiro), mas só olhar o próprio corpo por 10 minutos diários!
Tenho que admitir que de início, foi horrível! Acho que estamos tão acostumados a nos olharmos no espelho em busca de saber como ficou nossa combinação de roupas, que nos ver sem a mesma é como não ter objetivos; eu como mulher obviamente me preocupei com gordura (engordei muito desde que casei, principalmente por que tive um problema hormonal que me deixou sem menstruar por quase 6 meses, e aparentemente é impossível emagrecer sem menstruar, muito pelo contrário, você só vai ganhando peso com o passar do tempo, em função da retenção de líquidos, acredito eu), e quando me vi no espelho a primeira imagem que me veio a cabeça como comparativo foi a Vênus Neolítica, e eu a tive que enfrentar. Com o passar do tempo as coisas foram ficando mais fáceis, mesmo por que estou em um processo de emagrecimento agora que os meus hormônios estão voltando ao normal, e foi ficando mais fácil me olhar desnuda, perceber o que gosto e o que não gosto no meu próprio corpo.
Duas semanas depois a minha médica explicou que o objetivo do exercício era de fato nos enxergar e não ver a imagem que queremos passar para as outras pessoas, por isso era tão difícil e incomodo ficar diante do espelho, e nos passou a segunda parte do exercício, que também pareceu fácil quando ouvimos, mas que se mostrou mais difícil que a primeira parte como é esperável.
Na segunda parte do exercício tínhamos que além de nos encararmos frente ao espelho, nos acariciarmos (separadamente), para ver quais as reações que tínhamos nas diferentes partes do nosso corpo, mas ainda não devemos tocar em nossos órgãos sexuais.
Acredito que foi mais difícil do que se eu pudesse me concentrar nos meus órgãos sexuais, e muito mais difícil do que apenas olhar, tanto que fiz muito mais o exercício de apenas olhar, do que o de tocar, primeiro por que, me parece de uma certa forma, que mesmo que o tempo que usamos para fazer isso seja o mesmo, dure mais e exija mais de mim do que só ficar me olhado.
É quase como explorar um lugar desconhecido, mas que já vimos diversas vezes em fotos, mas é estranho por estarmos falando do nosso próprio corpo.