segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Desconstrução...

Tinha muito em mente no final de 2013, achava que me livraria do vaginismo num piscar de olhos apenas com a minha força de vontade. Vocês não imaginam a minha decepção ao tentar mais de uma vez introduzir o bendito vibrador e não conseguir, ao sentir de novo todo o meu corpo se enrijecer, e ser tomado pela dor e a queimação já tão conhecida.
Como me senti mal nesses momentos, como quis esquecer tudo pelo que lutei até agora e sumir, mesmo sabendo que antes de mais nada, luto por mim mesma. Não posso negar que por mais de uma vez a minha vontade foi de simplesmente assumir a derrota e desistir. Mas no fim das contas, desistir não faz parte da minha personalidade, simplesmente não é o tipo de coisa que eu faria.
Enfim, decidi que era hora de relaxar e aproveitar as minhas férias sem me preocupar tanto com isso, afinal se o empenho extremo não estava me levando a lugar nenhum, talvez a tranquilidade me levasse.
Relaxei, aproveitei as minhas férias (que foram férias da terapia também) com o meu marido.
Em um dado momento de intimidade e empolgação, pedi para que ele devagar e com cuidado tentasse introduzir o dedo dele (muito maior do que o meu, e maior do que qualquer coisa que eu já tinha introduzido na minha vagina sem dor) em mim, mas tive o cuidado de tentar não me concentrar na sensação do dedo em si, mas sim nas outras coisas que estavam acontecendo naquele momento e que me davam prazer, (afinal, o objetivo era apenas diversão, se ele não conseguisse introduzir, estaríamos bem e continuaríamos nos divertindo como se nada tivesse acontecido) me perdi em meio as boas coisas daquele momento.
Muito tempo depois, me dei conta do tal dedo dentro de mim, e para a minha maior surpresa, percebi não pela dor, mas sim pelo prazer. E não pude deixar de ficar feliz naquele momento, pelo simples fato de descobrir que sou capaz de sentir prazer dessa forma. E no momento seguinte, o movimento ficou diferente, eu me desconcentrei e comecei a sentir a velha dor de sempre. Não fiquei triste, ainda me orgulho de ter me sentido bem naquele momento. Mas entendi um pouco mais de mim, e aprendi mais sobre todo esse processo.
No retorno a terapia, meu marido foi o primeiro a contar, orgulhoso o ocorrido a nossa médica, e tivemos uma sessão completamente voltada para o relaxamento depois de dizer tudo o que nos aconteceu nesse quase um mês em que não fomos a terapeuta.
Aos poucos, um passo de cada vez, começo a perceber que tudo o que acontece comigo na verdade tem a ver com os meus métodos de auto defesa, a cada exercício de relaxamento a minha vontade de sair correndo dali aumentava, até que a minha terapeuta conversou comigo com muita calma e carinho e me ajudou, pelo menos naquele momento a entender que muitas vezes eu não tenho do que me defender, então não preciso estar alerta e na defensiva o tempo inteiro, mesmo que muitas vezes eu nem perceba que essa é a minha postura.
Sei que de alguma forma no meu subconsciente somo isso ao fato de que, em muitos momentos importantes da minha vida negligenciei meu corpo e tudo o que poderia ser feito com ele, como se apenas o intelecto me bastasse, e nesse momento simplesmente não sei lidar com o corpo que sempre foi meu. Um dia me envergonhei do que estava me tornando fisicamente e hoje me envergonho do que não aprendi por essa atitude. Mas estou começando a entender que nenhuma dessa vergonhas vai me ajudar a superar os meus problemas atuais e que na verdade já passou da hora de me livrar delas, pois apenas tornam as minhas barreiras mais fortes.
Queria de fato que houvesse um botão na minha cabeça que fizesse a minha mente parar de funcionar nos momentos certos, mas passei alguns bons anos cultivando essa defesa, me livrar dela numa forma tão simples apenas não vai funcionar. A partir de agora a luta é contra o excesso de racionalidade e na verdade, acho que sempre foi. Somam-se as causas e quem sabe quando eu puder dar conta das mesmas, não consiga finalmente os diferentes efeitos que tanto anseio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Medo!


Estou há um bom tempo sem postar por aqui, pelo simples fato de que as vezes prefiro me afastar um pouco do assunto, viver a minha vida como se o vaginismo não existe de vez em quando me faz bem. Então me afastei durante as festas de fim de ano prezando apenas a minha paz de espírito.
Mas agora as festas acabaram e o ano começou mais uma vez, sei que nesse momento estou mais perto da cura do vaginismo do que já estive desde que iniciei a minha vida sexual, mas isso ainda não significa que cheguei a tão sonhada cura, nem sei ao certo quanto tempo ainda terei que trabalhar em mim e por mim para que a conquiste.
Comprei como tinha dito no post anterior o vibrador, cheguei em casa toda empolgada no mesmo dia e fui tentar introduzi-lo, cheguei mais uma vez na metade do caminho, não consegui colocá-lo até o final. Tinha comprado também os pesinhos para praticar o pompoarismo, mas também não consegui colocá-los até o final. Na verdade acho que me senti meio intimidada por todos esses novos objetos desafiadores no meu caminho. De início chorei, me senti mal, senti dor, parecia que todo o esforço que tinha feito até ali tinha sido completamente em vão.
Depois conversei com a minha médica que me esclareceu meia dúzia de fatos sobre a relação da adrenalina que eu libero no me corpo nesse tipo de momento em que fico tão ansiosa, e o que isso tem a ver com a contração muscular que me impediu de introduzir os dois objetos até o fim.
Ganhei alguns exercícios de relaxamento para fazer em casa, antes de tentar mais uma vez introduzir os pesos do pompoarismo ou o próprio vibrador, exercícios para fazer se conseguisse introduzi-los depois da minha ultima consulta de 2013 e exercícios para fazer se não conseguisse essa façanha.
O ano que se iniciou ainda não me trouxe a capacidade de introduzir nenhum dos novos objetos, e no fundo eu sei por que, na verdade tenho dois motivos que sei que influenciaram no meu fracasso em relação a isso, primeiro o fato de não ter feito os exercícios de relaxamento da forma correta, todas as vezes que tentei estava muito ansiosa para conseguir relaxar de fato, a verdade é que ainda tenho medo tanto do vibrador quanto dos pesos. Sinto o peso do medo cada vez que tento fazer os exercícios, e por isso sempre saio mais decepcionada do que antes de tentar.
Sei que não posso parar de tentar, pelo simples fato de que só superei o medo do absorvente interno tentando, relaxando e me esforçando, e a minha esperança é que um dia o vibrador seja como o absorvente um amigo e não algo que me cause medo nem dor.
Sei que ainda vou ter que trabalhar muito nesse aspecto, mas pelo menos tenho consciência mais do que nunca que o meu problema vem do puro e simples medo.