sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CONTRADIÇÃO


Ainda consigo ficar impressionada com o tamanho da hipocrisia e da opressão das pessoas do nosso país. Por que sinceramente o tumulto que uma cena de dançarinos nus tem causado na internet tem me deixado em choque.
Antes de mais nada estamos falando de um programa direcionado para adultos (e mesmo que não fosse, crianças também tem corpos e não nascem vestidas, e na verdade acho que ela só enxergam o fundamento das roupas por que são ensinadas pelo adultos...), com a proposta de discutir Amor e SEXO. E antes que se diga qualquer coisa sexo por definição não é MASCULINO e FEMININO? A maior forma de expressão de masculino e feminino no nosso corpo não são os órgãos genitais, perpetuamente escondidos sob várias camadas de roupas?
Na minha opinião o escândalo das pessoas em relação a isso, só prova o quanto a nossa sociedade ainda é extremamente reprimida em relação a sexo, e isso se reflete em quase tudo o que vivenciamos. Muitas pessoas acreditam que o funk é a maior prova do excesso de liberdade sexual, na verdade se analisarmos a situação de uma forma mais critica e menos baseada no senso comum, vamos perceber que a questão do funk é exatamente o contrário. É a maior das consequências da repressão sexual que sofremos por tantos séculos. As coisas são muito escancaradas no funk com a intenção de chocar, de jogar na cara da sociedade que sexo é isso mesmo e que fazemos mesmo, tanto que faz mais sucesso entre os adolescentes que passam exatamente por essa fase, e digo isso por que quando eu estava com essa idade as minhas atitudes era exatamente assim. Mas o que mais percebo é que entre essa mesma população de adolescentes, que amam o funk, acontece na realidade duas coisas após o fim dessa fase, aliás em função de tudo isso muitas vezes é encerrada previamente em função de gestações não planejadas, e esse é o primeiro fim da fase funk, a segunda coisa que acontece, e que quando crescem se saem dessa fase de normalmente viram o que eu chamo de evangélico de cabresto (que fique bem claro que eu não tenho nada contra nenhuma denominação religiosa, apenas não suporto fanatismos e repressões religiosas...), uma atitude que na verdade se baseia mais na culpa que eles sentem por ter tido atitudes sexuais tão exacerbadas do que em função de fé propriamente dita.
Tradução a opressão sexual é tão grande na nossa sociedade que até mesmo os jovens que por um tempo tentam mesmo que da forma errada se libertar acabam sucumbindo a toda essa hipocrisia e depois acreditam estarem errados.
Não sou fã de funk, nem grande defensora desse estilo musical, se é que dá para chamar assim, mas acredito realmente que essas coisas só existem por que a nossa sociedade ainda é muito opressora e machista.
Como falar que a música fala mal da mulher, quando várias meninas gostam, quando estão acostumadas a serem chamadas assim pelas mães, pelos pais, pelo avós, que mal tem se em casa são tratadas da mesma forma? Na verdade elas estranham é na escola quando o professor se refere a elas com respeito e com carinho, aí a resposta é a agressividade.
Nossa sociedade ainda tem muitos tabus a quebrar, e no fim antes mesmo do tabu do sexo primeiro deva-se quebrar o tabu do nudismo. Afinal por que só a mulher fazer nu frontal na televisão não é impactante? Por que quando um homem aparece em nu frontal é errado? E por que no carnaval a Globeleza pode aparecer pelada no horário que for e ninguém se incomoda mais, mas um programa que se propõe a falar de sexo no meio da madrugada não pode ter dançarinos nus? Muito contraditória toda essa situação...