segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Ninguém disse que o tratamento seria fácil...


Antes de começar de verdade o post de hoje, gostaria de agradecer o apoio e as dicas dos amigos virtuais que tem participado tanto deste blog, me dando coragem para continuar o tratamento e acima de tudo me motivando a continuar compartilhando as minhas experiências aqui...
Agradecimentos feitos, vamos ao que interessa...
Quando descobri o vaginismo imaginei que o tratamento fosse de alguma forma padronizado, que existiria um roteiro que todas as mulheres com vaginismo que estivessem em tratamento seguissem e tudo se resolveria mais cedo ou mais tarde. Começo a perceber que o tratamento do vaginismo não é como uma receita de bolo que a gente segue e tudo da certo, as coisas são muito mais complexas do que a gente espera antes de começar.
Hoje fui a minha terceira consulta com a psicóloga, e começo a perceber que sempre entro apreensiva e saio de lá triste, não por buscar uma cura instantânea e milagrosa, mas por perceber o quanto estou em desacordo comigo mesma, o quanto as coisas dentro de mim parecem erradas e confusas.
Coisas simples que a gente acha dispensável na vida, ou pelo menos eu sempre achei, mas que com o passar dos anos acabamos percebendo que são comuns e essenciais na vida e na saúde física e mental das pessoas, como simplesmente fantasiar, sabe aquele momento em que você finge que é o ganhador do premio nobel? Pois é, esse é o meu primeiro "dever de casa", fantasiar, literalmente. Uma coisa tão simples, e que para mim tem sido tão difícil...
Segundo a minha psicóloga, pacientes com depressão por exemplo não são capazes de cumprir essa tarefa, e aí me vem mais uma insegurança, ter mais problemas psicológicos além do vaginismo! Sei que o tratamento é o primeiro passo, e que eu vou ter que encarar muitos tabus que existem dentro de mim para ter sucesso. A parte mais difícil de um tratamento psicológico é que não se luta contra uma doença, se luta contra si mesmo, e como deixar de acreditar de uma hora para a outra que algumas coisas que você sempre acreditou serem certas, na verdade servem apenas para te fazer mal?
Ninguém disse que o tratamento era fácil, nem agradável  mas sair da sala da psicóloga uma vez por semana, querendo sentar num canto e chorar até o fim do mundo, ninguém merece né...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O início da avalanche...


Agora posso finalmente dizer que em algum nível o meu tratamento teve início.
Há duas semanas, tenho feito terapia com a psicóloga do posto de saúde perto da minha casa. Mesmo que ela tenha me aconselhado a procurar um centro de tratamento especializado para complementar nosso trabalho juntas, já começo a sentir mudanças em mim como pessoa, que normalmente achamos que nada tem a ver com o vaginismo, mas que depois de perceber o quanto nos incomodam, começamos a pensar que o problema tem raízes mais profundas e complexas do que conseguimos imaginar.
Tudo por enquanto tem girado em torno de conversas sobre a história da minha vida, de como foi a adolescência  de como são as pessoas da minha família, enfim. O assunto sexualidade foi abordado, o assunto repressão da sexualidade foi abordado, mas como disse a minha psicologa, com vaginismo ou sem vaginismo somos pessoas completas não apenas vaginas.
E percebi que existem muitas coisas que aconteceram comigo que simplesmente prefiro bloquear, e fingir que não me magoaram, percebi que o meu problema com o vaginismo é apenas a ponta de tudo de errado que ainda existe para resolver dentro e fora de mim, que no fim o vaginismo é muito mais do que um simples bloqueio com sexo, o problema está muito além de ser apenas sexo, na verdade acho que o problema sexual é apenas a manifestação de que algo de muito mais errado existe em nossas vidas.
A primeira médica a quem contei sobre o vaginismo, me falou que na verdade ele não é a doença, ele á apenas a causa de algum outro distúrbio  e agora depois de ter a experiência de começar a ter algum acompanhamento psicológico tenho a tendencia de concordar com essa hipótese.
Percebi que o problema não é apenas a minha vida sexual, minha criação influenciou  as coisas que aprendi a dar valor influenciaram, as colhas que fiz na vida me levaram a ser uma mulher vagínica.
Mas isso não quer dizer que tudo isso vá simplesmente ficar do jeito que está apenas por que eu percebi que passei toda a minha vida caminhando para o vaginismo. Muito pelo contrário, agora que começo a vislumbrar o que aconteceu de errado, onde eu deveria ter agido e onde deveria ter gritado, tenho tudo o que preciso para começar a mudar o curso das coisas na minha vida, a mudança já se iniciou, com o começo do tratamento já começo a perceber coisas diferentes em mim, quem sabe com um pouco mais de persistência eu não consiga um dia chegar a cura...