sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Um pequeno passo para uma mulher, um grande passo para uma vagínica.


Bom vamos começar do início, semana passada eu tinha feito uma postagem sobre como estava indo o meu tratamento e todos os meus problemas em relação a minha situação financeira instável e a provável interrupção do meu tratamento, e o meu amigo Marcelo Admus, me chamou a atenção para o fato de que no post eu não chamei a atenção para todos os contras em relação a aplicação da toxina botulínica, nas mulheres com vaginismo. Então antes de qualquer coisa vou começar falando um pouco desse assunto para depois contar o que ficou decidido na minha ultima consulta médica, e qual foi a minha ultima conquista no quesito vaginismo.
Quanto a toxina botulínica, é importante ressaltar que: 1º uma vez que o vaginismo na maioria das vezes é desencadeado por questões psicológicas, existem grandes probabilidades de que o problema não seja de fato resolvido com a aplicação da toxina, mesmo que depois da mesma a mulher não volte a apresentar sintomas de vaginismo, o problema psicológico em questão pode muito bem ser revertido para outros campos da vida, e pode gerar outros distúrbios. 2º com o passar do tempo a toxina vai perdendo o efeito e se a mulher ainda tiver questões sexuais a serem resolvidas é muito provável que volte a desenvolver o vaginismo da mesma forma. 3º muitas vezes para que os sintomas do vaginismo desapareçam de fato, mesmo que o problema seja transferido para outro campo da vida da pessoa são necessárias mais de uma aplicação. 4º aplicação de toxina botulínica não é nada barato, principalmente se você tiver que fazer mais de uma aplicação da mesma. Espero ter tirado as dúvidas em relação a esse assunto.
De qualquer forma, na semana passada eu fui para a terapia decidida a pedir a minha médica que tivesse essa conduta em função de alguns problemas financeiros que eu sei que aparecerão no começo do ano que vem. e do fato de que pretendo também investir o meu curto dinheirinho em outras formas de crescimento/ conhecimento pessoal que não tem sido possível por que tenho estado em tratamento por causa do vaginismo. Entrei na sessão decidida a esperar uma brecha na conversa e abordar o assunto, mas estávamos falando de como queríamos que fosse aquele encontro em si, quando usei um termo que ela sempre diz que não gosta e paramos tudo para falar do bendito termo. O resultado foi que em uma frase, mesmo sem saber ela me desmotivou completamente sequer abordar o assunto da aplicação da toxina, por que me levou a refletir e a lembrar por que de fato eu estou fazendo terapia.
Estávamos falando das obrigações que a sociedade nos impõe, quando ela "ocasionalmente" (o termo está entre "" por que eu sei que não foi por acaso que foi usado naquele contexto, mas ela fez parecer com que fosse...) mencionou a seguinte frase: "nós temos a obrigação de nos casarmos virgens, mas nem sabemos o que é virgindade."
Essa única frase dita assim em um contexto simples, quase me fez chorar, por que eu sei que de fato os meus motivos para desenvolver o vaginismo são em boa parte baseados exatamente nisso. E me vi com 25 anos sem saber de fato qual é a definição de virgindade, e por que isso é tão importante, ou por que me ensinaram a valorizar tanto isso, mas ninguém nunca de fato falou o que significava...
Mesmo assim pedi para ela não abordar o assunto naquele momento, eu precisava refletir um pouco sobre o assunto, me acalmar e lembrar que eu estava ali justamente para ter esse tipo de questionamento, que da mesma forma que eu tento incitar os meus alunos a ter questionamentos maiores sobre o mundo em que vivemos, a terapia servia para me fazer pensar e repensar todas essas coisas que aprendemos e passamos a vida inteira repetindo sem de fato saber o que são ou se perguntar por que as repetimos.
Na saída do consultório conversei com o meu marido um pouco sobre a questão e falamos da nossa situação financeira, que era na verdade o que estava me preocupando. Mas ele foi o anjo que ele sempre é, me tranquilizou e mudamos os nossos planos, resolvemos adiar as coisas que queríamos fazer e continuar priorizando o tratamento que no fim das contas tem ajudado nós dois.
Passei alguns dias refletindo sobre o que me chocou naquele sábado, e sei que tenho vaginismo por esse tipo de coisas, ainda estou tentando colocar as coisas no lugar que deveriam estar na minha cabeça, mas não é simples desaprender tudo o que se levou uma vida inteira para se absorver. Ainda falta muito para colocar ordem na casa, mas eu sei que vou chegar lá.
De qualquer forma ainda tenho mais uma coisa para contar hoje, e essa foi uma conquista que me deixou extremamente animada...
Hoje tive um momento ruim do meu dia, uma hora em que me senti estagnada em relação ao tratamento do vaginismo, como se eu estivesse simplesmente sem fazer nada para de fato chegar a cura, como se eu tivesse pensado por muito tempo que apenas ir na terapia fosse resolver todos os meus problemas.
A minha médica já tinha me dado alguns exercícios que contavam com introdução principalmente do dedo na vagina, mas eu tinha feito poucas vezes, e ficado um pouco frustrada ao tentar inserir um absorvente interno sem sucesso, por isso tinha deixado esses exercícios meio de lado, e não estava me preocupando por que ela disse para eu só realizá-los quando estivesse me sentindo segura para isso.
Então peguei meu espelho, meu lubrificante vaginal, meus absorventes internos, coloquei uma música bem relaxante, e tentei primeiro introduzir o dedo indicador. Não foi fácil, mas pelo menos agora estou aprendendo a controlar os músculos do assoalho pélvico, então quando começo a sentir dor me concentro em relaxar essa musculatura. Consegui introduzir o dedo sem lubrificante, era hora de tentar o absorvente (daqueles que tem aplicador...), e aí me peguei pensando, caramba, o absorvente não é tão maior que o meu dedo, se eu consigo o dedo vou conseguir o absorvente também. Dei um banho de lubrificante no absorvente e lentamente foi introduzindo, me forçando a relaxar, e quando menos esperava ele estava inteiro do lado de dentro e a dor foi tão pouca que eu quase não senti.
Passei o resto do dia super feliz com o meu pequeno grande passo, tão feliz que até mandei um sms para a minha terapeuta que me respondeu com um belo parabéns e palavras de incentivo...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu tratamento e o impasse da toxina botulínica.

 

Faz um tempo já que não venho postando nada aqui referente ao meu tratamento especificamente. Na verdade precisava de um tempo para amadurecer tudo o que tenho descoberto sobre mim mesma na terapia, e para compreender melhor quem é essa nova pessoa que está desabrochando de mim mesma, que na verdade já estava aqui, mas muito bem escondida atrás de todas as convenções sociais e das opressões religiosas/familiares sofridas durante mais de 20 anos.
O que tenho para contar é animador e ao mesmo tempo não tão empolgante assim. Que a terapia tem dado bons resultados, não há como contestar, sou literalmente outra pessoa. Não tenho mais todo o pudor que tinha ao falar de sexo, não acho as coisas mais erradas nem me escandalizo mais com tanta facilidade quando o assunto é esse. Sei que não existe como fazer tratamento de vaginismo sem a terapia, por que os assuntos que trabalhamos são muito importantes para o nosso amadurecimento, inclusive toda aquela maturidade que não tem muito a ver com sexo. Na verdade quando penso em mim antes da terapia, me vejo como uma criança brincando de ser adulta, por que de fato encarava as coisas dessa forma, como se as coisas que a sociedade dizia serem erradas de fato fossem, e que sexualidade fosse uma coisa simples, onde há um certo e um errado e a mulher que gosta de sexo, ou que se sente confortável com ele é pior do que uma prostituta.
Quando penso nessas coisas me dou conta do quanto a sociedade e a mídia influenciam na formação do nosso pensamento e do nosso caráter. Mudar todas essas concepções me tornou uma pessoa muito mais consciente, realizada e feliz. Contribuiu muito para um “evolução” do meu relacionamento com o meu marido, da mesma forma que eu tem desabrochado de formas que eu não esperava, e acredito que o meu marido também não. (rsrsrsrs)
De fato a terapia só tem me feito bem. E posso dizer que avancei muito desde que comecei em abril desse ano. Tive muitas evoluções em tão pouco tempo, principalmente por que só vejo a minha médica duas vezes por mês. Acredito que a minha maior conquista em tão pouco tempo foi o exame médico, na verdade uma mistura de exame médico e aula de anatomia da qual o meu marido também participou. Na verdade foi como ser um daqueles bonecos que a gente vê em hospitais e em escolas, mas muito mais didático do que olhar um boneco estranho e mal explicado. Mas a maior conquista desse dia foi, não me sentir desconfortável praticamente nua na frente de duas pessoas vestidas (minha terapeuta/ginecologista e o meu marido), na verdade para mim foi algo extremamente natural, para ser sincera foi até divertida...
Agora ganho uma nova lição de casa a cada consulta, tenho feito muitos exercícios de contração e relaxamento da musculatura do assoalho pélvico, e comecei a tentar penetrar alguns objetos, na verdade até o momento apenas cotonetes, por simples insegurança minha. Descobri finalmente o que é o meu bendito hímen (hoje eu penso que coisa mais absurda, ter uma parte de mim tão polêmica e absurda e na verdade nem saber o que é, acho que é a coisa mais idiota que pode acontecer com alguém...), e vi que de fato ele já está um pouquinho rompido mesmo, pelo menos isso indica que ele não é complacente, o que para mim já é um grande alívio...
As evoluções têm sido muitas, e me orgulho cada vez mais de ver o quanto já avancei nesse caminho em busca da cura, e mais feliz ainda em ver que esse caminho não é tão complicado, nem tão desesperador quanto nos parece no início, quando ainda não temos tratamento, ou quando o tratamento ainda é muito novo para que possamos enxergar tudo isso.
Bom, agora vamos ao impasse da questão.
Faz umas semanas que tenho me pegado pensando em uma alternativa que a minha terapeuta/ginecologista tinha comentado comigo no inicio do tratamento, que ela só fazia em casos específicos por motivos específicos, mas que era se não a cura de fato, levam a ela de forma mais rápida. Vocês que lidam com o assunto a bastante tempo já devem ter sacado do que eu estou falando. De fato estou me questionando sobre o uso da famosa toxina botulínica no tratamento do vaginismo, nosso tão polêmico Botox®.
Ela já tinha me dito que aplicou em outra paciente, mas que não recomendava por que as causas do vaginismo são psicológicas, e normalmente quando se toma esse tipo de atitude você transfere o problema para outro aspecto da sua vida. Entendo que temos que lidar com as nossas dificuldades, com os nossos complexos e etc, etc, etc. Mas também estou em um momento decisivo financeiramente, uma vez que com o final do ano a minha vida profissional volta a ser incerta. Sei que a terapia já me trouxe milhões de avanços como pessoa, mas não quero ter que interromper o meu tratamento sem um grande avanço físico.
Ainda estou tomando coragem para conversar com a minha médica sobre essa decisão, e na verdade estou rezando para que ela não se recuse a realizar esse procedimento, ou simplesmente o desaconselhe. No início fiquei muito depressiva quando me peguei pensando nisso, pelo simples fato de que me pareceu estar desistindo de tudo o que consegui a te aqui e dizendo que não sou capaz de conseguir sozinha, mas na verdade não é isso. Quero fazer a aplicação e continuar a terapia, mas tenho medo da possibilidade de ter que parar e perder tudo o que já conquistei até aqui.
De qualquer forma ainda estou amadurecendo a ideia, lendo muitos artigos na internet sobre o assunto, para depois conversar com a minha terapeuta.
Quero aproveitar o post de hoje para fazer uma indicação literária a todas as pessoas que buscam tratamentos alternativos para o vaginismo. Eu encontrei um livro muito interessante, e bem baratinho, diga-se de passagem, que fala um pouco da utilização de florais no tratamento de disfunções sexuais, chama “O sexo e as flores” a autora chama Liany Silva dos Santos. Muito interessante para aquelas pessoas que assim como eu procuram outras formas de nos levar a cura.
Espero que tenham gostado do meu retorno.
Beijos e sucesso a todos (as)!!!!!!!