quarta-feira, 12 de março de 2014

Foi um longo caminho até aqui...

Hoje me sinto em um momento estranho, finalmente depois de todo o tempo em que montei o blog, me sinto chegar perto da verdadeira cura.
Finalmente consegui introduzir aquele vibrador comprado há tanto tempo e largado na caixinha das coisas do tratamento, e na segunda tentativa, consegui sentir prazer com o mesmo!
Tenho caminhado muito em busca dessa conquista, e agora de fato começo a me permitir, me permitir ter medo por alguns instantes, mas não deixar que esse medo me impeça de fazer alguma coisa; me permitir sentir prazer sexual propriamente dito, sem sentir que estou fazendo algo errado; me permitir confiar nos meus instintos, sem que o meu raciocínio influa tanto nas minhas decisões; me permitir ser leve quando quero ser leve, infantil quando quero ser infantil e madura quando quero ser madura; me permiti perceber que muitas pessoas não tem a oportunidade que o vaginismo me concedeu de me conhecer de verdade, de saber o que gosto e o que não gosto e de me sentir livre em relação ao sexo, percebi infelizmente que muitas mulheres que não passaram por isso não se concederam essa oportunidade e não tem a mesma qualidade de vida sexual que eu já tenho mesmo com a presença do vaginismo ainda por aqui.
Me sinto feliz com os avanços que e com o conhecimento que venho acumulando por causa desse caminho e me sinto mais em paz com o ritmo que precisei dar a minha vida sexual, mais lenta, mais minuciosa e mais sentimental mesmo.
Hoje olho em volta e tenho pena de quem leva o sexo como uma obrigação social, ou como uma obrigação para com a outra pessoa. E como ainda existem pessoas assim, homens e mulheres...
Começo a achar que o tratamento contra o vaginismo me fez bem em tantas áreas que nem posso dizer que faço terapia apenas por causa do vaginismo...tinha muita coisa pra resolver comigo mesma, e ainda tenho, na verdade acho que nunca vou deixar de ter. Mas pelo menos comecei a conhecer o corpo que habito, descobrir como ele é e do que ele gosta, e me relacionar com ele de alguma forma, pois pasmem, eu não fazia isso de nenhum jeito. E quando pensava no meu corpo, pensava apenas na imagem que as outras pessoas tinham dele.
Pois é estou me conhecendo, me reinventando, me amando mais, me descobrindo, me dando prazer e sendo feliz antes de qualquer coisa comigo mesma!
Mas ainda tenho um caminho a percorrer em direção a cura, longo ou curto, ele continua aqui na minha frente a espera de que eu tenha harmonia suficiente comigo mesma para poder percorre-lo.
A foto da postagem de hoje é diferente das usuais, mostra exatamente onde eu estou em relação a cura e tudo o que eu já consegui até aqui.
Espero que vocês tenham gostado.

4 comentários:

  1. Luthy,
    o seu post prova que a inspiração nunca deve ser desperdiçada...
    Abraços...

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    1. Obrigada, Marcelo!
      Estava com saudade dos seus comentários... :)
      Abraços amigo!

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  2. Luthy, que linda forma de ver nossa realidade você me trouxe!
    Juro que a única forma que eu via o vaginismo até hoje era de castigo, dificuldade, impedimento...
    Ver com esse ângulo torna tudo menor doloroso.
    Meus dilatadores chegaram e eu percebi que, toda vez que dou um passo efetivo em direção a minha cura, me acovardo e procrastino mais e mais... Comecei tratamento com uma psicóloga, não sei se ela vai conseguir me ajudar porque não é da área, mas se ela me ajudar a vencer este medo, já vou ser feliz.

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    1. Olá Thai!
      Precisei de muito tempo para ter essa visão da nossa situação, muito tempo de terapia e muito tempo comigo mesma, mas hoje já me sinto feliz em conseguir encarar as coisas desse jeito. A minha experiência com psicólogas não especialistas em sexualidade, não foi das melhores; acho que ela não sabia exatamente como abordar o meu problema e eu sabia exatamente o que fazer para que ela perdesse o foco durante as nossas sessões e ficássemos falando de outras coisas que não me incomodassem tanto quanto a sexualidade, e ainda assim eu saia do consultório pior do que tinha entrado, depressiva e sem condições de fazer mais nada da vida. Mas existem profissionais e profissionais, a minha não estava muito compromissada com a minha melhora e eu não estava muito compromissada com ela, espero que a sua experiencia seja mais bem sucedida...
      Quanto aos dilatadores, se serve de consolo, toda vez que eu tenho um progresso com algum deles tenho uma grande crise de riso, ou de choro, ou uma seguida da outra, além de sentir algum incomodo físico de início, que passa depois da primeira tentativa com um dilatador novo, vou ser sincera, sinto uma mistura de medo e felicidade quando consigo um avanço. Felicidade por ter consciência de que estou de alguma forma caminhando para alcançar o meu objetivo, mas medo do que vai vir depois, das minhas reações quando finalmente me permitir ter uma penetração com um pênis de verdade, medo de não ser tudo o que eu espero, mas esse medo só pode durar aqueles primeiros instantes, enquanto estou naquela confusão de sentimentos e sensações, depois tudo isso tem que ficar para trás...e fica.
      Nas vezes seguintes aquele dilatador novo é só mais um dilatador, mais um degrau na escada da cura, assim como imagino que a primeira penetração com um pênis de verdade vá ser, confusa, cheia de sentimentos e sensações contraditórias e muito provavelmente eu vou sentir esse medo mais uma vez e superá-lo.
      Fique calma e pense que tudo isso é uma grande oportunidade de ser conhecer e de refletir sobre a sua relação com você, somos mulheres especiais por passarmos por tudo isso.
      Beijos e boa sorte, conte comigo para o que for preciso! ;)

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