terça-feira, 25 de março de 2014

O dia...

Sempre pensei em como seria essa postagem, em qual seria a sensação de viver essa experiencia e como eu estaria me sentindo no dia em finalmente pudesse escrever sobre isso.
Só tenho a dizer que tudo foi muito mais natural, leve, intenso
e simples do que eu esperava.
Finalmente consegui uma penetração normal com o meu marido, sem a dor do vaginismo.
Senti apenas a ardência do resto do meu hímen sendo rompido, mas nada da dor insuportável de antes, nem romper o hímen é tão doloroso quanto me disseram.
Com muita calma, paciência, carinho e amor foi tudo muito tranquilo e emocionante, nem acreditei no que estava fazendo e só me convenci colocando a mão lá para ter a certeza.
Depois que terminamos, que percebi o sangue e descobri o motivo da ardência, nem sangrou muito e não doeu...
Ainda estou feliz e estasiada com tudo isso.
Aparentemente as descobertas apenas começaram, tenho muito o que aprender em relação a sexo com penetração. Mas precisava contar as boas novas a vocês!
Obrigada pelo apoio constante de todos (as), espero ter ajudado vocês tanto quanto me ajudaram.
As postagens não irão parar por aqui, mas por hora essa era a notícia que eu precisava dar.
Obrigada, beijos a todos e força em suas lutas.

terça-feira, 18 de março de 2014

A magia do toque

Há algum tempo, quando a minha terapeuta me indicou alguns exercícios mais físicos para o avanço em busca da cura do vaginismo, tenho que admitir que eu não fui capaz  de entender (ou simplesmente bloqueie o meu entendimento) em relação ao que essa proposta significava. Encarei a coisa toda como uma lição de casa, um dever, uma coisa que eu precisava fazer para me curar e ponto final.
Fiquei extremamente frustrada por não conseguir resultados naquela época e mais de uma vez tive vontade de desistir de tudo, mas não desisti, continuei indo na terapia e discutindo os assuntos, refletindo sobre as minhas reações a determinadas atitudes e assuntos, e tentando entender os meus sentimentos quando não conseguia lidar com alguma coisa. E aos poucos fui me soltando sem perceber, reinventando o meu relacionamento comigo mesma.
Um dia, tentando inserir um dos dilatadores, percebi que tudo seria mais fácil se eu estivesse de fato com vontade de transar, e finalmente entendi, ou me deixei entender o que a minha terapeuta queria dizer quando falou para eu criar um clima relaxar e tentar. Teria sido muito mai simples se ela tivesse usado a palavra que eu esperava ouvir, mas hoje também acho que isso foi proposital. O segredo da coisa toda era a masturbação, que realmente eu não me permitia.
Refletindo hoje sobre a minha vida desde que comecei a ter contatos sexuais com meu marido (que na verdade foi a única pessoa com quem tive esse tipo de contato), percebi que permitia que ele me masturbasse, mas não conseguia tocar o meu próprio corpo com a intenção de ter prazer. Essa consciência abriu muitas portas no caminho da minha evolução do meu tratamento.
Me perguntei também nessa ocasião por que nunca havia me permitido assistir a filmes pornôs com a intenção de ficar excitada e percebi que encarava essa como uma atitude estritamente masculina. Na minha cabecinha oca, por alguma razão só era normal que os homens sentissem prazer com esse tipo de estímulo, acho que passei muito tempo ouvindo e dando ouvidos aquela velha história de que o homem é mais visual do que a mulher e por isso se interessa mais por coisas assim..., pode até ser verdade, mas o fato de os meninos se interessarem mais não quer dizer que as meninas não possam gostar também, e essa foi a parte que demorei muito para entender.
Assisti ao bendito do filme que achei mais interessante e não gostei, pelo simples fato de mostrar a mulher como um objeto que tem que satisfazer o homem até mesmo com o próprio orgasmo, mas descobri uma outra modalidade de porno visual que me atraiu mais e fez com que eu me sentisse mais relaxada, mesmo que de início eu não me deixasse entender a magia dessa vertente. O estilo chamado Hentai (tipo anime pornô e pra quem não sabe o que é anime, são aqueles desenhos japoneses) me soou muito mais interessante, sem contar que as histórias são muito mais complexas e de quebra você não é obrigada a lidar com aquelas "atuações" terríveis.
O mais importante é que tudo começou a andar mais rápido quando descobri que podia me tocar sem culpa e sem condenações inclusive do meu marido, que me apoiou muito até mesmo nesse momento. Hoje consigo me tocar não apenas sexualmente, mas de outras formas também; uma vez que estou usando os pesos de pompoarismo sempre consigo um tempo e um pretexto para me tocar com simples curiosidade e isso tem sido muito legal, por que consigo desmistificar na minha cabeça o pensamento de que vai doer se eu fizer alguma determinada coisa, ou que vou me machucar de algum modo, ou até mesmo de que alguma coisa (como o peso) vai se perder dentro de mim.
Mas para tudo isso, o toque foi fundamental. O toque, a calma, a vontade, a sensibilidade e a curiosidade.
Espero que tenham gostado. Boa sorte e boa luta!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Foi um longo caminho até aqui...

Hoje me sinto em um momento estranho, finalmente depois de todo o tempo em que montei o blog, me sinto chegar perto da verdadeira cura.
Finalmente consegui introduzir aquele vibrador comprado há tanto tempo e largado na caixinha das coisas do tratamento, e na segunda tentativa, consegui sentir prazer com o mesmo!
Tenho caminhado muito em busca dessa conquista, e agora de fato começo a me permitir, me permitir ter medo por alguns instantes, mas não deixar que esse medo me impeça de fazer alguma coisa; me permitir sentir prazer sexual propriamente dito, sem sentir que estou fazendo algo errado; me permitir confiar nos meus instintos, sem que o meu raciocínio influa tanto nas minhas decisões; me permitir ser leve quando quero ser leve, infantil quando quero ser infantil e madura quando quero ser madura; me permiti perceber que muitas pessoas não tem a oportunidade que o vaginismo me concedeu de me conhecer de verdade, de saber o que gosto e o que não gosto e de me sentir livre em relação ao sexo, percebi infelizmente que muitas mulheres que não passaram por isso não se concederam essa oportunidade e não tem a mesma qualidade de vida sexual que eu já tenho mesmo com a presença do vaginismo ainda por aqui.
Me sinto feliz com os avanços que e com o conhecimento que venho acumulando por causa desse caminho e me sinto mais em paz com o ritmo que precisei dar a minha vida sexual, mais lenta, mais minuciosa e mais sentimental mesmo.
Hoje olho em volta e tenho pena de quem leva o sexo como uma obrigação social, ou como uma obrigação para com a outra pessoa. E como ainda existem pessoas assim, homens e mulheres...
Começo a achar que o tratamento contra o vaginismo me fez bem em tantas áreas que nem posso dizer que faço terapia apenas por causa do vaginismo...tinha muita coisa pra resolver comigo mesma, e ainda tenho, na verdade acho que nunca vou deixar de ter. Mas pelo menos comecei a conhecer o corpo que habito, descobrir como ele é e do que ele gosta, e me relacionar com ele de alguma forma, pois pasmem, eu não fazia isso de nenhum jeito. E quando pensava no meu corpo, pensava apenas na imagem que as outras pessoas tinham dele.
Pois é estou me conhecendo, me reinventando, me amando mais, me descobrindo, me dando prazer e sendo feliz antes de qualquer coisa comigo mesma!
Mas ainda tenho um caminho a percorrer em direção a cura, longo ou curto, ele continua aqui na minha frente a espera de que eu tenha harmonia suficiente comigo mesma para poder percorre-lo.
A foto da postagem de hoje é diferente das usuais, mostra exatamente onde eu estou em relação a cura e tudo o que eu já consegui até aqui.
Espero que vocês tenham gostado.