terça-feira, 18 de março de 2014

A magia do toque

Há algum tempo, quando a minha terapeuta me indicou alguns exercícios mais físicos para o avanço em busca da cura do vaginismo, tenho que admitir que eu não fui capaz  de entender (ou simplesmente bloqueie o meu entendimento) em relação ao que essa proposta significava. Encarei a coisa toda como uma lição de casa, um dever, uma coisa que eu precisava fazer para me curar e ponto final.
Fiquei extremamente frustrada por não conseguir resultados naquela época e mais de uma vez tive vontade de desistir de tudo, mas não desisti, continuei indo na terapia e discutindo os assuntos, refletindo sobre as minhas reações a determinadas atitudes e assuntos, e tentando entender os meus sentimentos quando não conseguia lidar com alguma coisa. E aos poucos fui me soltando sem perceber, reinventando o meu relacionamento comigo mesma.
Um dia, tentando inserir um dos dilatadores, percebi que tudo seria mais fácil se eu estivesse de fato com vontade de transar, e finalmente entendi, ou me deixei entender o que a minha terapeuta queria dizer quando falou para eu criar um clima relaxar e tentar. Teria sido muito mai simples se ela tivesse usado a palavra que eu esperava ouvir, mas hoje também acho que isso foi proposital. O segredo da coisa toda era a masturbação, que realmente eu não me permitia.
Refletindo hoje sobre a minha vida desde que comecei a ter contatos sexuais com meu marido (que na verdade foi a única pessoa com quem tive esse tipo de contato), percebi que permitia que ele me masturbasse, mas não conseguia tocar o meu próprio corpo com a intenção de ter prazer. Essa consciência abriu muitas portas no caminho da minha evolução do meu tratamento.
Me perguntei também nessa ocasião por que nunca havia me permitido assistir a filmes pornôs com a intenção de ficar excitada e percebi que encarava essa como uma atitude estritamente masculina. Na minha cabecinha oca, por alguma razão só era normal que os homens sentissem prazer com esse tipo de estímulo, acho que passei muito tempo ouvindo e dando ouvidos aquela velha história de que o homem é mais visual do que a mulher e por isso se interessa mais por coisas assim..., pode até ser verdade, mas o fato de os meninos se interessarem mais não quer dizer que as meninas não possam gostar também, e essa foi a parte que demorei muito para entender.
Assisti ao bendito do filme que achei mais interessante e não gostei, pelo simples fato de mostrar a mulher como um objeto que tem que satisfazer o homem até mesmo com o próprio orgasmo, mas descobri uma outra modalidade de porno visual que me atraiu mais e fez com que eu me sentisse mais relaxada, mesmo que de início eu não me deixasse entender a magia dessa vertente. O estilo chamado Hentai (tipo anime pornô e pra quem não sabe o que é anime, são aqueles desenhos japoneses) me soou muito mais interessante, sem contar que as histórias são muito mais complexas e de quebra você não é obrigada a lidar com aquelas "atuações" terríveis.
O mais importante é que tudo começou a andar mais rápido quando descobri que podia me tocar sem culpa e sem condenações inclusive do meu marido, que me apoiou muito até mesmo nesse momento. Hoje consigo me tocar não apenas sexualmente, mas de outras formas também; uma vez que estou usando os pesos de pompoarismo sempre consigo um tempo e um pretexto para me tocar com simples curiosidade e isso tem sido muito legal, por que consigo desmistificar na minha cabeça o pensamento de que vai doer se eu fizer alguma determinada coisa, ou que vou me machucar de algum modo, ou até mesmo de que alguma coisa (como o peso) vai se perder dentro de mim.
Mas para tudo isso, o toque foi fundamental. O toque, a calma, a vontade, a sensibilidade e a curiosidade.
Espero que tenham gostado. Boa sorte e boa luta!

10 comentários:

  1. Ola, Luthy, parabéns pelo excelente post e pelos avanços alcançados até aqui.
    Também tive muitas dificuldades em aceitar o quanto a masturbação poderia fazer bem, hoje a encaro como muita naturalidade e leveza.
    A verdade é que devemos enxergar o sexo e tudo que está relacionado a ele com leveza e naturalidade.
    Abraços. Melissa

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    1. Obrigada, Melissa!
      Aprendi muito sobre leveza e sexo durante o tratamento, espero conseguir ajudar alguém em algum momento com as minhas postagens!
      Abraços e força!

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  2. Boa Tarde, vi que vc esta atras da cura do Vaginismo e quero te dizer que tem cura sim, mais isso depende mais de vc. Eu tenho 37 anos, e sofri com o vaginismo por 20 anos, sou casada a 14 anos e meu marido sempre ao meu lado, mais só quem passa por isso sabe a dor que sentimos, cada vez que tentava e não conseguia era uma frustação, por esses anos nunca me achei uma mulher de verdade, não sei mesmo como meu marido aguentou tanto tempo.Fui uma vez em um psicólogo que me disse que era tudo da minha cabeça, sempre sofri calada, nunca ninguém soube do meu problema, somente eu e meu marido, nunca fiz tratamento por vergonha de achar que só eu tinha esse problema. No final do ano eu e meu marido tivemos uma briga horrível e ele disse que não aguentava mais essa situação e eu como sempre me senti as piores das mulheres, por não conseguir fazer me marido feliz. Eu tive uma experiência sexual horrível qdo tinha 16 anos, o cara foi um grosso, senti uma dor terrível e depois disso nunca mais consegui ter relações com mais ninguém, fui no ginecologista e ainda por cima eu era virgem, senti muita dor pra nada. Nunca procurei ajuda, sempre disse que iria conseguir mais sempre fui adiando, foi que no dia 23/02/14 tomei coragem e pedi muito pra Deus me ajudar, comprei um lubrificante e falei pro meu marido, hj a gente vai fazer amor, e só saiu dessa cama qdo eu conseguir fazer direito e ter a penetração,E VENCI .... não vou dizer pra vc que não doeu, doeu e muito, mais a minha vontade era maior, qdo meu marido disse que tinha entrado, não aguentei comecei a chorar e perguntei tem certeza e ele claro amor entrou. Senti um desconforto depois, sangrou um pouco e muita ardência...depois desse dia estamos fazendo sempre agora, é claro que tem o desconforto ainda e a cada dia estamos tentando outras posições, mais é maravilhosa saber que agora sim sou uma mulher de verdade. Agora o próximo passo é tentar engravidar. Esperei demais, mais tenho fé que vou conseguir. Mais nunca desistam, tenham muita fé e muita força que vcs conseguem.

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    1. Tati,
      Nem sei o que dizer da sua história, acredito que mesmo tendo conseguido a penetração você deveria procurar um especialista. Ser mulher em toda a sua plenitude é muito mais do que conseguir ter penetração ou gerar uma criança, apesar das complicações em relação a penetração, sempre me senti muito mulher e dona de mim, e quando descobri que a penetração não tinha a importância nem a dimensão que tinha na minha cabeça, desencanei muito dessa questão e evolui muito no tratamento por causa disso.
      Espero que você, encontre o fim da dor do vaginismo e o seu prazer.
      Abraços.

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  3. Olha que coisa engraçada, eu também prefiro ver hentai do que atuações "humanas". Talvez por eu ainda ser muito romântica em relação ao sexo, me incomoda também ver aquelas mulheres com tanta liberdade, dona de seus corpos e mesmo assim, dando tão pouco valor a eles. Não que eu seja machista ou preconceituosa, acho que cada um deve buscar prazer da forma que preferir, mas novamente a falta de amor, de verdade, e incomoda.
    Alguns hentais também me deixam sem jeito, em algumas animações dá pra perceber claramente a fascinação dos japas por verem ninfetas sentindo dor, mas pra isso existe filtro e nós temos liberdade para escolher, então, sem problemas.
    Essa questão da masturbação também é muito nova pra mim, de todas as vezes que tentei, quase todas elas foram com meu marido. Sozinha mesmo, pra relaxar e tentar algo foram poucas e ler sua postagem me anima para buscar mais essa "ferramenta".
    Eu só preciso ainda resolver uma outra questão que abordei no meu blog, vencer o medo sempre que estou perto de conseguir avançar em minha cura.
    Beijos

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    1. Thai, demorei muito para conseguir me permitir o prazer solitário, mas essa conquista é indispensável para a cura, e depois que você se permite é bem legal também...rsrsrsrsrsrs
      Eu precisei me questionar muito sobre essa proibição interna para conseguir chegar onde estou, perceber que a única pessoa que se prejudicava e que tinha essas regras era eu mesma e daí pra frente a coisa começou a evoluir.
      Alguns hentais incomodam mesmo, da mesma forma que alguns filmes pornôs, mas a gente só descobre o que nos agrada ou não testando...
      Você vai vencer o medo, tenho certeza!
      Beijos, força e boa sorte!

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  6. Eu e a maioria das minhas amigas gostamos de de ver pornografia na internet ( cada uma com seu gosto é claro), e achamos excitantes também , mas é segredo, pois "as meninas não gostam de pornografia, os homens é que são visuais"!

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    1. Olá Maria,
      Pois é, esse pensamento machista de que apenas os homens podiam gostar de pornografia me deixou travada por muito tempo, num conflito interno que eu não queria assumir. Mas tudo ficou melhor e mais fácil quando com muito amor, resolvi me permitir e me comunicar mais comigo mesma.
      Abraços.

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