sábado, 2 de março de 2013

Como podemos desejar ser normais se simplesmente optamos por esconder o que nos é mais natural?


Acho que já aconteceu com todos nós de ficarmos nos questionando de vez em quando sobre por que o vaginismo resolveu se instalar justamente me nossas vidas. Normalmente antes de começar o tratamento não nos identificamos como tão reprimidas, ou como seres tão problemáticos quanto realmente somos, muito pelo contrário, nos achamos pessoas de mentes abertas, sempre prontas a entender as adversidades das vidas alheias e as situações que pensamos que acontecem apenas com os outros.
Eu pelo menos era assim, e por muito tempo, antes de começar o tratamento fiquei nessa dúvida, principalmente por que exceto pelo fato de não fazer, sexo para mim nunca foi muito tabu, ou assim eu achava. Sempre pensei que por que pesquisava coisas relativas ao assunto, e não tinha preconceitos em relação a isso o fato de não conseguir fazer sexo antes de casar era só pelo fato de ganhar uma gravidez indesejada, naquela época o meu pensamento era tão simples...
Acho que nunca contei aqui que um dos meus objetos de pesquisa na faculdade foi a prostituição sagrada nos templos gregos da ilha de Chipre, o que diga-se de passagem é um tema muito interessante, principalmente pelo fato de que na Antiguidade o sexo ser visto de uma forma completamente diferente do que é hoje na nossa sociedade. Antes de mais nada, sexo não era obrigação, aliás o prazer não era obrigação como infelizmente somos obrigados a acreditar na nossa sociedade atualmente, hoje somos levados a acreditar que a vida deve seguir os preceitos do utilitarismo e que a prioridade dos seres humanos deve ser o prazer, do mesmo modo que somos levados a acreditar que magreza é sinônimo de beleza e de saúde e que qualquer pessoa que não pense dessa forma ou é meio louca e excêntrica  ou simplesmente é uma gordinha frustrada que não tem coragem de assumir que se sente mal com a sua forma física, mas nesse período da história da humanidade as coisas eram bem mais simples e na minha humilde opinião, bem mais impregnadas de sabedoria. O sexo não vinha acompanhado pelo brinde da culpa, do mesmo modo que a homossexualidade não vinha com o brinde do preconceito, muito pelo contrário, ambas as coisas eram vistas de forma natural e necessárias a vida em sociedade, o que também não quer dizer que as pessoas saiam se agarrando em praça pública, mas as coisas eram vistas sem dúvida de uma forma menos sujas do que a nossa sociedade costuma encarar hoje, e a maior prova disso era a ocorrência da prostituição de uma forma tão natural que no fim das contas era religiosa...
Funcionava da seguinte forma, a mulher (seja ela de que posição social que fosse), antes de se casar era dirigida a um templo dedicado a Afrodite, onde ela deveria se prostituir em honra de deusa. O dinheiro arrecadado decorrente dessa atitude deveria ser doado ao templo em questão como agradecimento da moça a Afrodite que lhes concederia os seus favores...(para quem não sabe os favores de Afrodite, além de estarem ligados ao amor e ao sexo, também eram vinculados aos casamentos e relacionamentos de uma forma geral).
Toda essa situação era extremamente comum dentro dessa sociedade e aceita de forma natural, hoje queremos falar de democracia e de outros conceitos que tentamos absorver dessa civilização e nos esquecemos de que nos tornamos preconceituosos, que a nossa visão corrompida e maldosa desvirtuou muito do que era normal da nossa condição humana, o que consideramos normal na verdade é uma versão editada de muitas que já se perderam há séculos.
O resultado é, como podemos desejar ser normais se simplesmente optamos por esconder o que nos é mais natural?

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