segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Às vezes é bom contar com amigos


Quando descobri que tinha vaginismo, pra mim foi o fim do mundo. Embora meu marido seja muito compreensivo (na verdade acredito que ele é a melhor pessoa do mundo, por que tem me dado muito apoio até agora, não tem me forçado a nada, não mostra insatisfação, não me trai e nunca cogitou se separar de mim por causa disso, é um verdadeiro príncipe encantado...), morri de vergonha do que tinha. Ninguém sabia e eu não tinha coragem de procurar um médico, com medo de ouvir que era frescura e que eu deveria simplesmente aguentar a dor. Então passei alguns meses casada sem conseguir ter uma penetração vaginal satisfatória, sem saber exatamente o que tinha, sem ter coragem de falar com ninguém sobre isso, e com um mega peso na consciência por causa do meu marido, mesmo que ele sempre tenha sido a pessoa mais compreensiva da face da terra (já falei aqui outras vezes que temos os nossos métodos de ter e dar prazer um ao outro que independem de penetrações...).
Mas ultimamente tenho estado muito aberta a falar do assunto, (acho que por já ter passado em tantos médicos e contado essa história tantas vezes, inclusive aqui...) e graças a Deus a procurar tratamento também.
Porém o que tenho visto de mais interessante em toda essa minha jornada, é que no fim das contas as pessoas estão mais abertas a entender e ajudar os outros. Depois que passei por tudo isso, selecionei um grupo de amigos de confiança, aqueles que sempre estiveram ao meu lado na maioria dos problemas e que sempre me ajudaram, e contei a eles o que tem acontecido comigo em todos esses meses e tenho que admitir que recebi mais apoio do que imaginava, sem contar que até encontrei uma amiga que sofre com o mesmo problema, e nem sabia exatamente o que era.
Quero apenas passar para vocês hoje que quando se tem alguém em quem confiar, sempre é bom ter mais um aliado, mais um amigo, a busca pela cura do vaginismo já é difícil o suficiente, para ser solitária. Mesmo que vocês não se sintam a vontade para contar as pessoas que conhecem, lembrem-se que é muito fácil fazer amizade pela rede e manter o sigilo. E se for necessário eu estou aqui, é só me mandar um e-mail com a forma como querem conversar que estarei aqui.

2 comentários:

  1. Luthy,
    eu acho muito corajosa a sua atitude de contar com os amigos (que servem para isso!!), e acho que atitudes como a sua desafiam uma função machista atribuída à mulher: que deveria ser funcional para satisfazer o homem e realizar o seu papel materno, e como se sem isso ela não fosse uma mulher completa. Ora, no século XXI ser mãe e se casar é uma livre escolha da mulher, e por isso os papéis atribuídos a ela também tem que mudar. É claro que o vaginismo deve ser superado, mas isso exige também que a mulher se liberte de uma rede de preconceitos que ancoram a sua atitude mental. E você deu esse passo...
    Um abraço...

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    1. Marcelo,
      Muitas vezes é difícil para a mulher compartilhar esse tipo de informação com os amigos, por que sempre existe a insegurança de já estar em um relacionamento de alguma forma fragilizado em função da condição do vaginismo, e a partir do compartilhamento dessa informação pode também existir vários problemas decorrentes dessa revelação.
      Considerando tudo que já passei até aqui com relação ao vaginismo, começo a pensar que muitas vezes desenvolvemos esse tipo de problema, por termos sido condicionadas a sermos frágeis, medrosas e cheias de pudores sem sentido, que apenas depois de passarmos por vários médicos começamos a entender que mesmo quem nos transmitiu esse tipo de valores não os pratica de fato...
      Agradeço muito pelos comentários que tem sido extremamente construtivos e torço pela cura da sua esposa.
      Um abraço para você também...

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