sexta-feira, 14 de junho de 2013

Será que a indignação nunca vai me abandonar???



Pessoal só estou meio sumida, por causa da correria da minha vida profissional mesmo, fim de bimestre na vida de professores é um inferno!!!!rsrsrsrsrs
Na verdade hoje eu tinha pensado em falar de um assunto que na verdade tem pouco a ver com o vaginismo, mas vi um comentário de uma leitora do blog e me revoltei!
Como é que pode um centro que abre com a proposta de ajudar mulheres com distúrbios sexuais, demorar mais de 8 meses para fazer o SEGUNDO contato com a paciente? Principalmente considerando que quase não existem centros nem profissionais especializados no tratamento de distúrbios sexuais? Se for assim nem precisa fazer alarde sobre a abertura do atendimento, afinal espera e atendimento precário não são novidades nesse nosso país!
Agora mais do que nunca entendo por que praticamente todas as vezes que entro aqui vejo pessoas pedindo o contato da minha terapeuta! Por que sinceramente se formos esperar alguma coisa da saúde pública brasileira, estamos muito sem futuro nesse mundo!
Começo a pensar nesse momento de revoltas mil (finalmente nesse país de gente conformada!!!), que o maior erro que nós vagínicas cometemos é termos vergonha do nosso distúrbio, mesmo sabendo que é um assunto extremamente pessoal e que pode afetar a nossa vida em vários aspectos, não deveríamos ter tanta vergonha assim! Não estou dizendo para sairmos gritando aos quatro ventos os problemas que temos, mas que comecemos a lutar mais pelo nosso direito a um tratamento digno e a uma cura rápida se possível! Vamos mandar e-mails insistentes para os órgãos responsáveis pela saúde pública, vamos reivindicar leis que nos assegurem o tratamento, e o tratamento digno e descente! Nós temos o direito de ter o tratamento na rede pública! É obrigação do Estado!!!!
E toda essa indignação me lembra do assunto que eu queria tratar aqui inicialmente, estava passeando pela internet com o meu marido quando vimos o vídeo de um vlog que ele é acostumado a acompanhar, onde estava-se discutindo um novo estatuto em votação; no momento nem liguei muito por que o cara gosta de fazer escândalo por coisas quem nem sempre concordo. O fato é que achei que fosse jogada de marketing pra conseguir audiência, até que hoje comecei a ver protestos pela internet a fora tratando do mesmo assunto e me indignei!
Estou falando nada mais, nada menos do ESTATUTO DO NASCITURO! Pois é, segundo o qual, uma criança fruto de um abuso sexual não poderá ser abortada, e a penalidade para o causador do abuso seria ter o nome na certidão de nascimento e pagar pensão a criança até que a mesma complete 18 anos!
Bom, não sei se alguém por aqui já percebeu que eu tenho a tendencia feia a ser explosiva, mas como isso me indignou e me chocou! Acredito que muitas das mulheres que leem esse blog foram vítimas de abusos sexuais, afinal não é segredo para nenhuma de nós que uma das causas do vaginismo é exatamente essa, então todas vocês que já passaram por esse trauma, imaginem se surgisse uma criança, fruto desse abuso: não seria extremamente complicado criar um filho que foi concebido nessas condições? Olhar no rosto dessa criança e ver os traços da pessoa que mais te desrespeitou na vida? E ainda por cima conviver com o nome dessa criatura no documento que atesta a existência do seu filho e ainda sustentar a criança com as migalhas que esse monstro vai lhe dar como se de alguma forma isso diminuísse o seu sofrimento ou o da criança?
Onde é que esse país vai parar? Quando é que vão parar de aparecer coisas tão absurdas? Já não basta não ter segurança, nem educação, nem saúde, seremos abusadas e ainda precisaremos lidar com a responsabilidade de tudo como se fosse a nosso completa culpa? Só falta agora dizerem que ainda estamos pagando pelo pecado da tal da Eva, e que os homens estão mais do que certos em nos violar por aí, afinal a única responsabilidade deles é "sustentar" a criança depois de tudo!
E quando eu grito por um Estado Laico as pessoas ainda me viram as costas como se fosse uma grande heresia criticar igrejas e lutar por direitos civis! Quero ver quando vocês e suas filhas forem abusados e ganharem pensões como recompensa e o pensamento consolador de que afinal é isso o que você merece por ser mulher!
O que mais vamos fazer em nome de religiões? O que mais vamos aceitar em nome de quem diz que fala por Deus, mas que na verdade não se preocupa com nada além da própria felicidade e do próprio conforto? Quando é que vamos parar para pensar que talvez Deus também queira que sejamos felizes apesar de tudo?
Enfim, muito cansada dessa Idiocracia, e dessa sociedade HIPÓCRITA E MACHISTA!

4 comentários:

  1. Luthy do céu, eu tinha ouvido algo sobre esse Estatuto, mas não conhecia o texto e muito menos esse absurdo de obrigar o bandido a assumir o filho. A pessoa que cria um projeto desses só pode ser alienada e cruel.
    E lá vem de novo a religião, condenando mulheres à humilhação.

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    1. Pois é, Thai, e ainda tem mulher que concorda!
      Acho que essas pessoas já foram tão alienadas que realmente acreditam que somos inferiores aos homens e culpadas por todas as coisas tanto relacionadas a nossa sexualidade, quanto a dos homens, como se eles não tivessem tanto livre arbítrio quanto nós!!!!

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  2. Oi Luthy, vc tem toda razão quando fala da religião e a maneira como somos criadas. Na minha casa nunca se falou de sexo, nunca vi meus pais de beijarem, era um casamento péssimo, tanto que se separaram. Mas minha mãe sempre colocou na minha cabeça que sexo era sujo, uma obrigação da mulher com seu marido e principalmente uma coisa ruim. Na verdade acho que nós que temos vaginismo não gostamos de sexo, bem pelo menos posso falar por mim. Sabe porque digo isso? Porque muitas pessoas viveram em uma família como a nossa, sofreram abuso e nem por isso tem vaginismo, tem desejo e querem sexo. Nós com vaginismo viveríamos muito bem sem sexo. Por isso temos que fazer todo esse trabalho psicológico para nos enquadrarmos ao que a sociedade diz que é certo. Desculpe se enrolei demais, foi um desabafo.
    ahhhhh, ainda não marquei com a sua médica porque antes vou passar no ginecologista(sem comentários). Você sempre diz que conversa muito com ela. Ela é somente terapeuta sexual? Não é fisioterapeuta urológica?
    ASS: Rosangela

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    1. Oi Rosangela, a minha médica é ginecologista também!rsrsrsrs
      Por isso me sinto confortável para resolver todos os meus problemas dessa ordem com ela, e por isso também a conversa se estende!
      Mas discordo de você, quando afirma que as vagínicas não gostam de sexo, acho que aprendemos a pensar que vai ser ruim de qualquer forma, somos criadas para que o sexo seja feio, nojento e ruim. Já comentei isso com a minha médica, que a minha mãe nunca me deu sossego quando comecei a namorar, mas nunca me levou a um ginecologista nem me ensinou nada sobre camisinha e métodos anti concepcionais! Qual era o pensamento da minha família afinal? Que eu viraria freira? Que eu seria criança para sempre?
      Acho que na verdade absorvemos realmente aquele velho conceito de que se um cara transa com todo mundo ele é o garanhão desejado, e se a mulher cogita dizer que gosta de transar ela é vadia, vagabunda, etc etc etc.
      Não acredito que não gostamos de sexo, acredito que sexo é tão natural quanto respirar, apenas que a nossa sociedade machista nos faz crer que é errado e que seremos descriminadas e mal vistas por todos a nossa volta se não acreditarmos que sexo é ruim!
      Um exemplo bem simples dessa visão, é quando somos adolescentes, e as meninas em volta vão arrumando namoradinhos e tudo tem que ser escondido, por que se os pais souberem irão brigar, sem contar que a medida que as meninas vão perdendo a virgindade espalham para todas as amigas que é uma dor horrível, quase insuportável! (pelo menos comigo foi assim)
      Com todas esses pontos contra, como afinal não desenvolver vaginismo por pensar que sexo é ruim, nojento, doloroso e perigoso?

      Beijos e boa sorte Rosangela!

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