Como me senti mal nesses momentos, como quis esquecer tudo pelo que lutei até agora e sumir, mesmo sabendo que antes de mais nada, luto por mim mesma. Não posso negar que por mais de uma vez a minha vontade foi de simplesmente assumir a derrota e desistir. Mas no fim das contas, desistir não faz parte da minha personalidade, simplesmente não é o tipo de coisa que eu faria.
Enfim, decidi que era hora de relaxar e aproveitar as minhas férias sem me preocupar tanto com isso, afinal se o empenho extremo não estava me levando a lugar nenhum, talvez a tranquilidade me levasse.
Relaxei, aproveitei as minhas férias (que foram férias da terapia também) com o meu marido.
Em um dado momento de intimidade e empolgação, pedi para que ele devagar e com cuidado tentasse introduzir o dedo dele (muito maior do que o meu, e maior do que qualquer coisa que eu já tinha introduzido na minha vagina sem dor) em mim, mas tive o cuidado de tentar não me concentrar na sensação do dedo em si, mas sim nas outras coisas que estavam acontecendo naquele momento e que me davam prazer, (afinal, o objetivo era apenas diversão, se ele não conseguisse introduzir, estaríamos bem e continuaríamos nos divertindo como se nada tivesse acontecido) me perdi em meio as boas coisas daquele momento.
Muito tempo depois, me dei conta do tal dedo dentro de mim, e para a minha maior surpresa, percebi não pela dor, mas sim pelo prazer. E não pude deixar de ficar feliz naquele momento, pelo simples fato de descobrir que sou capaz de sentir prazer dessa forma. E no momento seguinte, o movimento ficou diferente, eu me desconcentrei e comecei a sentir a velha dor de sempre. Não fiquei triste, ainda me orgulho de ter me sentido bem naquele momento. Mas entendi um pouco mais de mim, e aprendi mais sobre todo esse processo.
No retorno a terapia, meu marido foi o primeiro a contar, orgulhoso o ocorrido a nossa médica, e tivemos uma sessão completamente voltada para o relaxamento depois de dizer tudo o que nos aconteceu nesse quase um mês em que não fomos a terapeuta.
Aos poucos, um passo de cada vez, começo a perceber que tudo o que acontece comigo na verdade tem a ver com os meus métodos de auto defesa, a cada exercício de relaxamento a minha vontade de sair correndo dali aumentava, até que a minha terapeuta conversou comigo com muita calma e carinho e me ajudou, pelo menos naquele momento a entender que muitas vezes eu não tenho do que me defender, então não preciso estar alerta e na defensiva o tempo inteiro, mesmo que muitas vezes eu nem perceba que essa é a minha postura.

Queria de fato que houvesse um botão na minha cabeça que fizesse a minha mente parar de funcionar nos momentos certos, mas passei alguns bons anos cultivando essa defesa, me livrar dela numa forma tão simples apenas não vai funcionar. A partir de agora a luta é contra o excesso de racionalidade e na verdade, acho que sempre foi. Somam-se as causas e quem sabe quando eu puder dar conta das mesmas, não consiga finalmente os diferentes efeitos que tanto anseio.