segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu tratamento e o impasse da toxina botulínica.

 

Faz um tempo já que não venho postando nada aqui referente ao meu tratamento especificamente. Na verdade precisava de um tempo para amadurecer tudo o que tenho descoberto sobre mim mesma na terapia, e para compreender melhor quem é essa nova pessoa que está desabrochando de mim mesma, que na verdade já estava aqui, mas muito bem escondida atrás de todas as convenções sociais e das opressões religiosas/familiares sofridas durante mais de 20 anos.
O que tenho para contar é animador e ao mesmo tempo não tão empolgante assim. Que a terapia tem dado bons resultados, não há como contestar, sou literalmente outra pessoa. Não tenho mais todo o pudor que tinha ao falar de sexo, não acho as coisas mais erradas nem me escandalizo mais com tanta facilidade quando o assunto é esse. Sei que não existe como fazer tratamento de vaginismo sem a terapia, por que os assuntos que trabalhamos são muito importantes para o nosso amadurecimento, inclusive toda aquela maturidade que não tem muito a ver com sexo. Na verdade quando penso em mim antes da terapia, me vejo como uma criança brincando de ser adulta, por que de fato encarava as coisas dessa forma, como se as coisas que a sociedade dizia serem erradas de fato fossem, e que sexualidade fosse uma coisa simples, onde há um certo e um errado e a mulher que gosta de sexo, ou que se sente confortável com ele é pior do que uma prostituta.
Quando penso nessas coisas me dou conta do quanto a sociedade e a mídia influenciam na formação do nosso pensamento e do nosso caráter. Mudar todas essas concepções me tornou uma pessoa muito mais consciente, realizada e feliz. Contribuiu muito para um “evolução” do meu relacionamento com o meu marido, da mesma forma que eu tem desabrochado de formas que eu não esperava, e acredito que o meu marido também não. (rsrsrsrs)
De fato a terapia só tem me feito bem. E posso dizer que avancei muito desde que comecei em abril desse ano. Tive muitas evoluções em tão pouco tempo, principalmente por que só vejo a minha médica duas vezes por mês. Acredito que a minha maior conquista em tão pouco tempo foi o exame médico, na verdade uma mistura de exame médico e aula de anatomia da qual o meu marido também participou. Na verdade foi como ser um daqueles bonecos que a gente vê em hospitais e em escolas, mas muito mais didático do que olhar um boneco estranho e mal explicado. Mas a maior conquista desse dia foi, não me sentir desconfortável praticamente nua na frente de duas pessoas vestidas (minha terapeuta/ginecologista e o meu marido), na verdade para mim foi algo extremamente natural, para ser sincera foi até divertida...
Agora ganho uma nova lição de casa a cada consulta, tenho feito muitos exercícios de contração e relaxamento da musculatura do assoalho pélvico, e comecei a tentar penetrar alguns objetos, na verdade até o momento apenas cotonetes, por simples insegurança minha. Descobri finalmente o que é o meu bendito hímen (hoje eu penso que coisa mais absurda, ter uma parte de mim tão polêmica e absurda e na verdade nem saber o que é, acho que é a coisa mais idiota que pode acontecer com alguém...), e vi que de fato ele já está um pouquinho rompido mesmo, pelo menos isso indica que ele não é complacente, o que para mim já é um grande alívio...
As evoluções têm sido muitas, e me orgulho cada vez mais de ver o quanto já avancei nesse caminho em busca da cura, e mais feliz ainda em ver que esse caminho não é tão complicado, nem tão desesperador quanto nos parece no início, quando ainda não temos tratamento, ou quando o tratamento ainda é muito novo para que possamos enxergar tudo isso.
Bom, agora vamos ao impasse da questão.
Faz umas semanas que tenho me pegado pensando em uma alternativa que a minha terapeuta/ginecologista tinha comentado comigo no inicio do tratamento, que ela só fazia em casos específicos por motivos específicos, mas que era se não a cura de fato, levam a ela de forma mais rápida. Vocês que lidam com o assunto a bastante tempo já devem ter sacado do que eu estou falando. De fato estou me questionando sobre o uso da famosa toxina botulínica no tratamento do vaginismo, nosso tão polêmico Botox®.
Ela já tinha me dito que aplicou em outra paciente, mas que não recomendava por que as causas do vaginismo são psicológicas, e normalmente quando se toma esse tipo de atitude você transfere o problema para outro aspecto da sua vida. Entendo que temos que lidar com as nossas dificuldades, com os nossos complexos e etc, etc, etc. Mas também estou em um momento decisivo financeiramente, uma vez que com o final do ano a minha vida profissional volta a ser incerta. Sei que a terapia já me trouxe milhões de avanços como pessoa, mas não quero ter que interromper o meu tratamento sem um grande avanço físico.
Ainda estou tomando coragem para conversar com a minha médica sobre essa decisão, e na verdade estou rezando para que ela não se recuse a realizar esse procedimento, ou simplesmente o desaconselhe. No início fiquei muito depressiva quando me peguei pensando nisso, pelo simples fato de que me pareceu estar desistindo de tudo o que consegui a te aqui e dizendo que não sou capaz de conseguir sozinha, mas na verdade não é isso. Quero fazer a aplicação e continuar a terapia, mas tenho medo da possibilidade de ter que parar e perder tudo o que já conquistei até aqui.
De qualquer forma ainda estou amadurecendo a ideia, lendo muitos artigos na internet sobre o assunto, para depois conversar com a minha terapeuta.
Quero aproveitar o post de hoje para fazer uma indicação literária a todas as pessoas que buscam tratamentos alternativos para o vaginismo. Eu encontrei um livro muito interessante, e bem baratinho, diga-se de passagem, que fala um pouco da utilização de florais no tratamento de disfunções sexuais, chama “O sexo e as flores” a autora chama Liany Silva dos Santos. Muito interessante para aquelas pessoas que assim como eu procuram outras formas de nos levar a cura.
Espero que tenham gostado do meu retorno.
Beijos e sucesso a todos (as)!!!!!!!

8 comentários:

  1. Luthy,

    É muito bom saber que vc está progredindo ! Continue avançando como pessoa, mesmo que devido a tua situação incerta, não possa por algum momento contar com a terapeuta ( que me parece ser muito boa).
    Abraços

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    1. Maria,

      Estou progredindo sim, mas ainda estou pensando no que fazer em relação aos assuntos tratados nesse post. Só volto na terapeuta no sábado, não sei ainda se vou de fato falar com ela sobre o botox, muito menos como ela vai reagir se eu falar. De qualquer forma o plano não é largar a terapia, é fazer a aplicação por via das dúvidas pelo tempo que provavelmente não terei condições de manter o tratamento, mas voltar para a terapia assim que voltar a ter um salário...rsrsrsrsrs (como são tristes as condições de trabalho dos professores do meu Estado!!!!)
      Bom depois conto aqui o que aconteceu...

      Abraços e boa sorte!

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    2. Luthy,
      sinto-me à vontade para desestimulá-la ao uso do botox. Em primeiro lugar, se fosse simples assim resolver o vaginismo, você não acha que essa alternativa seria muito mais visível do que é nos debates a respeito? Em segundo lugar, você deve saber que o botox é metabolizado pelo organismo, e que é necessária a reaplicação de tempos em tempos. Se fosse só uma questão de "colocar pneus novos" em vez de "pneus recauchutados" já seria um argumento de peso. Mas o principal me parece ser que um problema que tem causa psicológica (e você tem reconhecido isso sem reservas) será adiado, e não contornado. Se todas as descobertas pessoais que você tem tido são positivas, então não vejo motivo para interromper a terapia. E se por um lado o seu orçamento exige uma decisão (para não jogar dinheiro fora ou ficar sem pagar as contas), por outro lado é difícil imaginar que um médico não queira embolsar mais um trocado, com a vantagem de testar em mais uma paciente os controversos benefícios do botox no tratamento do vaginismo. Aliás, porque é que ela teria mencionado esse tratamento se não estivesse disposta a fazê-lo? Você não acha que isso já a induziu, manipulando a sua expectativa?
      A minha esposa superou o vaginismo através de um processo de autoconhecimento riquíssimo, e a penetração vaginal foi apenas um dos benefícios desse amadurecimento tardio da sexualidade, que envolve aspectos da vida que vão muito além da vagina, como você sabe. Portanto, não posso ser a favor do botox ou de profissionais que propõem - irresponsavelmente? - essa solução mágica e, não há dúvidas, rentável para eles. Porque por mais que o botox paralise o músculo que se contrai, qualquer benefício para a penetração não será resultado do recondicionamento do seu comportamento do seu corpo. Portanto, a psicoterapia continuaria sendo necessária.
      Além do mais, uma pessoa crítica como você poderia ver nessa alternativa de tratamento o reforço da sociedade machista em que a funcionalidade do sexo é mais importante que a real integração do afeto feminino a novos comportamentos sociais/sexuais.
      Acho que se a terapia estagnou e isso aumenta a sua ansiedade pela cura, então você deveria conhecer outros profissionais, mesmo que isso signifique interromper com a sua terapeuta atual (alegando motivos financeiros?). Não é porque ela é uma ótima pessoa e conversar com ela sobre sexo ajudou no seu amadurecimento que ela é capaz de conduzi-la à cura. Se você ainda está nos cotonetes eu acho que a terapia pode estar sendo uma muleta que seria melhor dispensar. Sugiro que conheça a fisioterapia uroginecológica, bem mais barata do que terapias convencionais e mais prática. Como contei no meu blog, foi o aspecto decisivo para a minha esposa superar o vaginismo (depois de uma fase de psicoterapia, como você), e tenho profissionais a indicar se quiser me mandar um email.
      Abraços...

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    3. Marcelo,

      Na verdade cogitar o botox tem sido de fato uma forma de adiar o problema, sei antes de qualquer coisa que ele não vai resolver o problema, e na verdade não pretendo largar a terapia. O que acontece é que durante os primeiros meses do ano normalmente fico sem dinheiro por causa da organização do nosso querido Estado em relação a contratação de professores (pois é, literalmente sem pagamento...), então na verdade o que eu queria, e nem sei exatamente se vai funcionar, é arrumar alguma coisa que congelasse o meu tratamento durante esse período de incerteza financeira. A fundamentação do meu argumento é o medo de que no ponto em que eu estou e tendo que dar um tempo as coisas não regridam...
      Ela nunca me induziu a pensar no botox, na verdade desde o inicio, ela me disse ser contra essa alternativa justamente pelos mesmos motivos que você mesmo alegou. Não resolve, na verdade apenas adia, ou no pior dos casos transfere o problema para outro lugar, e eu tenho plena consciência disso. Só não quero voltar ao ponto que estava logo no início do tratamento. Sei que ainda tenho muito o que aprender nos caminhos do vaginismo, muito a saber sobre mim mesma, muito a descobrir sobre o meu relacionamento com meu marido, com a sociedade, com a minha família, com as religiões, enfim, com o modo como vejo o mundo...
      Não creio que a terapia tenha estagnado, pelo menos não ainda, mas estou com medo do meu familiar futuro economicamente incerto.
      E apesar de todos os pesares, tenho outros planos que tem sido adiados por conta da terapia, que no fim tem sido uma faca de dois gumes na minha estranha vida. Me inquieto com as várias coisas que queria fazer com o meu tempo e com o meu dinheiro, mas sou obrigada a desistir temporariamente por conta do tratamento, e vejo essa inquietação no meu marido também, pois temos os mesmos planos, os mesmos sonhos que nos vemos adiando em função do vaginismo. Acho que no fim toda a minha inquietação surge daí. A junção de dois fatores que desestabilizam a minha vida, a incerteza financeira e o adiamento de algo com que sonho desde que me entendo por gente, pelo simples fato de que não posso abrir mão nem do tempo nem do dinheiro que uso para o tratamento do vaginismo.
      Na verdade acredito mesmo que a minha médica vá se recusar a fazer a aplicação do botox e vai me dar que sabe outra alternativa, mas de qualquer foma ainda preciso conversar com ela.
      Abraços, amigo!

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    4. Luthy,
      agora entendi melhor a sua posição, e só quero chamar a atenção para duas coisas:
      1) o tratamento depende muito mais de você do que de qualquer outra pessoa. Os exercícios de fisioterapia vaginal são essenciais, e creio que você já deveria ter avançado mais neles. Se estiver com dificuldade posso indicar um bom profissional que cobra 80 a sessão. Além de melhorar a musculatura da vagina pode ensinar uma série de exercícios que aceleram a cura.
      2) ao tratar o tema do modo como você tratou, sinto que você acabou fazendo uma propaganda involuntária de um procedimento controverso e paliativo, o que pode induzir algumas mulheres a acreditarem em soluções mágicas e a dependerem de procedimentos caros e provisórios.
      Abraço...

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    5. Marcelo,
      Agora eu entendi o que você quis dizer...rsrsrsrsrs
      Enfim estou preparando outro post sobre o assunto contando o que rolou comigo durante a terapia essa semana e ressaltando os problemas relacionados do botox.
      Abraços...

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  2. Boa tarde . Muito interessante acompanhar suas evolução . Também estou neste mesmo impasse no momento. Vive conseguiu se curar ? Usou o botox?

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    1. Olá...
      Me curei em 2014, sem botox, apenas com psicoterapia e alguns exercícios físicos.
      Abraços carinhosos,
      Luthy Fray

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