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sábado, 21 de novembro de 2015

O parto normal e o vaginismo!

Muitas mulheres que sofrem com o vaginismo, sonham em um dia serem mães, como eu sonhei um dia. Em algumas postagem compartilhei com vocês esse desejo, que na época não imaginava o quanto mudaria a minha vida quando finalmente se realizasse. Mas junto com o desejo da alma, vem o medo da mente, e eu como a grande maioria das mulheres me assombrava com a possibilidade de um parto normal. Até antes mesmo de ter maturidade para desejar um filho eu já trazia comigo o medo dessa experiência tão mistificada por todos.
Quando finalmente me vi grávida, o vaginismo já tinha ficado para trás, mas as minhas lembranças e a minha sensibilidade ao assunto não, aliás, acredito que estas sempre estarão comigo. Por isso, apenas posso imaginar como seria a uma vagínica a experiência do parto normal, mas pelo menos para fazer esse exercício posso contar com a vivência de ambas as situações.
Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que a presença do vaginismo não impede a ocorrência de um parto normal, eu sei que a preocupação de quem tem vaginismo e está grávida sempre são os benditos e necessários exames de toque, que verificam o andamento do trabalho de parto, mas acreditem, eles são desconfortáveis e um pouco dolorosos mesmo sem a presença do vaginismo, afinal a mão do médico faz pressão em um sentido e a cabeça da criança faz pressão no sentido contrário, mas nada disso na verdade deveria nos causar medo ou receio.
Todas as coisas ficam de lado no momento do parto, e não acredito que para uma mulher com vaginismo seja diferente. A natureza nos prepara para esse momento de uma forma tão intensa que todas as outras coisas ficam relegadas a segundo plano. A maternidade como uma extensão do sexo, é uma coisa mágica, intensa, que transcende as sensações e limites do corpo.
O parto normal foi a experiência mais intensa que já tive na vida. Durante a gravidez, assisti a vários documentários sobre parto e sempre achei os discursos sobre o parto normal e o parto natural um tanto quanto super estimados, principalmente por que no inicio a minha grande vontade era uma cesárea eletiva bem tranquila. Mas a vida não é da forma como planejamos, minha gestação chegou ao fim na 36 semana e o meu filho veio ao mundo prematuramente.
Em um tranquilo domingo, onde todas as atividades já estavam planejadas, logo pela manhã a minha bolsa resolveu romper e mudar todos os planos. Ao chegar no hospital tive a possibilidade de escolher entre a controversa cesárea (um tanto desaconselhada pela médica, pela possibilidade de o meu filho em função do procedimento e da precocidade do trabalho de parto apresentar possíveis dificuldades respiratórias) e o temido parto normal. Mas a natureza é de uma sabedoria extrema, e qualquer mulher prestes a colocar outro ser humano no planeta pensa da mesma forma, o que importa nessa hora, não é o seu medo, não é a sua dor, não é o incomodo, não é você de uma forma geral. O que vem em primeiro lugar é a saúde e o bem estar daquele ser que apenas está vindo ao mundo por sua causa e que nem faz ideia do por que irá passar por tantas mudanças bruscas em tão pouco tempo.
Escolhi o parto normal sem pensar duas vezes, sem pensar no medo, no vaginismo que tive medo que voltasse, na episiotomia que me assombrava, nada disso pesou para o meu julgamento, apenas a saúde do meu filho estava em jogo.
Se estão curiosas (os) para saber se eu sentia muita dor nesse momento, tenho que dizer que não. A minha bolsa se rompeu às 9 horas da manhã do dia 24 de maio, e eu fui ao hospital mais por insistência do meu marido e da minha família do que por acreditar que o meu bebê fosse de fato nascer naquele dia. O que senti no momento do rompimento da bolsa foi apenas um chute forte na barriga (sensação com a qual qualquer grávida perto da 30 semana já está mais do que acostumada), e o liquido amniótico a escorrer pelas pernas, mas a famosa dor, essa demorou um bom tempo a chegar...
Me internaram já com 4 dedos de dilatação, fizeram o exame para ouvir o coração do meu bebê, e me mandaram ficar 1 hora pelo menos no chuveiro deixando a água cair bastante nas costas e na barriga. Mal sabia eu qual era a serventia e o objetivo do bendito banho (serve para que o colo do útero dilate mais rápido, e assombrosamente funciona super bem), ai sim, depois disso a famosa dor começa a dar sinais de vida, mas ainda não na intensidade que vemos nos filmes e novelas, essa só da o ar da graça umas duas horas antes da criança nascer. Sim aí de fato são duas horas de dor extrema, uma das mais fortes que já senti na vida, milhões de vezes mais forte do que o que senti no vaginismo, mas é uma dor diferente, uma dor que posso chamar de boa, por que é como se nos levasse para outro lugar, onde a nossa coragem é posta a prova e tentamos a todo custo nos manter firmes por uma outra pessoa que nunca vimos, mas que já amamos a ponto de não nos importarmos. Perto do final, como todas as mulheres que vi nos documentários, implorei por uma cesárea (mesmo que não houvesse mais tempo para essa opção), pensei que não sobreviveria e que morreria com o meu filho entalado dentro de mim. Mas na hora em que o neném de fato vai nascer, nada mais importa, a mulher não está nesta dimensão, nos encontramos num misto de dor, medo, amor, coragem e uma vontade imensa de dar conta daquele momento, que chega a ser maior do que o próprio mundo que enxergamos. Sem dúvida é um instante único, que transcende os limites do nosso corpo e do nosso entendimento. Sentir o bebê saindo de dentro de você, é como sentir que temos o poder gerar a personificação do amor e colocá-la no mundo. Acho que me lembrarei eternamente de cada segundo dessa experiência, de sentir a cabeça do meu filho saindo, e logo em seguida o resto do pequeno corpinho dele girando e passando pela minha vagina.
Sabe aquela história de que o amor dói? Pois é, o parto normal prova isso mais do que qualquer outra coisa. Dói mesmo, mas todas as mulheres são capazes de passar por ele. E a dor é importante, por que nos carrega para esse meio do caminho, entre o paraíso e o nosso mundo, nesse lugar onde começa uma vida e a nossa é transformada permanentemente. Nenhuma mulher é a mesma depois de passar por esse tipo de parto, é a morte da pessoa antiga que estava ali gestando, e o nascimento de uma mãe e um filho.
Vi na caminhada do vaginismo, muitas mulheres dizendo que desejavam uma relação sexual com penetração para serem mulheres completas, mas tenho que admitir que só me senti uma mulher completa, plena no sentido mais amplo da palavra, depois de ter dado a luz ao meu filho.
Em meio a dor, ao medo e a todas as emoções eu me vi mulher de verdade, me senti mulher de verdade pela primeira vez em toda a minha vida. Não faria nada diferente, não escolheria outro tipo de parto de forma alguma. O parto normal é dolorido, carregamos todo o medo de nossa vida até ali dentro dele, mas também é cheio de vida e de luz.
Mesmo com o vaginismo, nunca se sintam incapazes de passar por esse momento, é tão natural quanto respirar e o nosso corpo lida com isso muito melhor do que imaginamos.
Espero ter diminuído com esse texto o medo daquelas que, vagínicas ou não estão em dúvida em relação ao parto. Ou que sonham com esse momento, mas acreditam que o vaginismo seja um obstáculo, digo isso, por que já conheci muitas vagínicas que engravidaram e compartilharam comigo esse medo, pois repito: não o sintam! O parto normal é tão possível quanto a cura do vaginismo.
E o momento em que vemos nossos filhos pela primeira vez, faz com que todo o resto fique definitivamente para trás!











Muitos beijos cheios de força e incentivo a todas vocês.
Luthy Fray

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Machiginismo!

Muitas vezes quando ouvimos falar de machismo e feminismo temos a impressão de que são conceitos ultrapassados dos anos 70, que hoje em dia na época do anticoncepcional, da maternidade como opção e da inserção feminina no mundo profissional nada disso existe mais.
Mas por mais incrível que possa parecer ainda vemos milhares de imagens e atitudes machistas, e muitas vezes as propagamos sem refletir sobre o que exatamente estamos perpetuando. E várias dessas atitudes e frases são exatamente o tipo de ação que a nossa sociedade considera correta e que diversas vezes nos traz aqui, ao impasse do vaginismo.
A imagem que selecionei para esse post infelizmente é de um mal gosto extremo, mas exemplifica exatamente o que quero dizer, e foi ela que me motivou a escrever hoje. Por que vemos diariamente uma série de coisas assim que nos fazem agir como se a responsabilidade de tudo fosse da mulher e que o papel do homem fosse de fato, o mesmo que desempenharia um animal irracional, apenas respeitando e respondendo seus instintos primitivos de procriação, sem que precisasse existir qualquer outro tipo de responsabilidade sobre esses atos, ou mesmo, como se não houvesse necessidade de nenhum tipo de reflexão a respeito.
Considero importante refletirmos sobre muitas brincadeiras e comentários machistas que a mídia e as redes sociais nos empurram goela abaixo todos os dias, pois muitas vezes acabamos rindo concordando e compartilhando, fazendo com que o ciclo de opressão psicológica feminina nunca termine e estejamos fadadas eternamente a assumir sozinhas responsabilidades que deveriam ser compartilhadas; sentirmos vergonha e medo de nossa própria sexualidade e muitas vezes condenar outras mulheres que tomam atitudes diferentes das que tomaríamos em seus lugares. E acima de tudo, essas impressões que nos são passadas, absorvidas e posteriormente propagadas, nos trazem um conformismo ridículo e hipócrita a respeito do papel masculino dentro da sociedade e, principalmente nos fazem ter uma visão deturpada e errônea sobre como deve ser o papel do homem dentro de um relacionamento com uma mulher, pois nos acostumamos a pensar que homem trai mesmo, por que afinal essa é a natureza deles, que precisamos estar com o corpo sempre nos moldes que a mídia prega para que sejamos desejadas por eles, que mesmo quando um homem trai a culpa é da mulher com quem ele saiu, que a mulher fica chata por que tem TPM, mas que o homem quando está chato é apenas falta de uma cerveja, uma saidinha com os amigos e uma boa noite de sexo; ah e que todo homem gosta de cerveja, e se não gostar tem algum problema com ele.
Enfim, vou colocar algumas das imagens que mais vi nas redes sociais sobre o assunto e uma reflexão sobre cada uma, para que possamos pensar e discutir mais sobre o assunto. Afinal o caminho para a cura do vaginismo requer uma série de reflexões sobre as nossas atitudes cotidianas e as nossas opiniões a respeito de determinados assuntos, muitas vezes quando entendemos por que pensamos de determinadas formas nos aproximamos mais da cura e de nós mesmas.

Homens não reclamam? Resolvem seus problemas telepaticamente? Chatice é exclusividade feminina?


Essa é tipicamente compartilhada por várias mulheres em redes sociais, aí vem a pergunta: o seu valor vem da roupa que você veste? A mulher é um ser tão simples que pode ser analisado apenas pela aparência? Ou também temos medo do poder que nossa própria sexualidade pode exercer sobre os outros?


Será que a nudez feminina é tão perigosa a ponto de precisar ser combatida com violência? Voltamos a Idade Média e nos banharemos e teremos relações sexuais vestidas, ou nessas situações tudo bem em ver de relance o próprio corpo?


Por que? Só as burras tem corpos a mostra? E embora a mídia nos bombardeie eternamente com corpos perfeitos que nunca teremos, aqueles corpos cumprem exatamente a função que lhes foi dada, ser apenas um pedaço de carne e um objeto de desejo.
Oi? Ela só precisou ficar tetraplégica! Tranquilo, todo mundo faz isso para reivindicar algo tão simples quanto a própria dignidade! É assim que se faz meninas, deixem-se agredir até terem uma lesão irreversível e sua luta vai ser respeitada! ;)


Me pergunto porque a sociedade tem medo dos seios femininos, por que um cara sair sem camisa é super natural, mas quando se trata da mulher é escandaloso até amamentar uma criança em público?


Mas ele vai te trair da mesma forma, afinal é da natureza masculina! E sim, mulher, mostrar o corpo é crime e te faz inferior aos outros seres do planeta, mostrando o corpo você dá a sociedade o direito de te julgar (embora isso vá acontecer de qualquer forma) e ao homem o direito de te tratar como um objeto! Legal, né?



Mais uma vez, escolham garotas, ou são burras, usam o corpo, e são tratadas feito lixo pelo resto das pessoas, ou são inteligentes, provavelmente feias, mas "respeitadas" de acordo com os padrões da nossa sociedade, poxa!


Eu precisava encerrar com essa da cantora Pitty, porque é simplesmente verdadeira.
Espero que tenham gostado, e que eu tenha ajudado de alguma forma o desenvolvimento de vocês no caminho a cura do vaginismo e das outra centenas de violências silenciosas que sofremos diariamente.

Beijos e força na luta!
Luthy Fray











terça-feira, 23 de setembro de 2014

Novas tendencias cinematográficas

Já tinha feito uma postagem aqui sobre masturbação e pornografia, logo quando entendi no que consistiam os meus exercícios físicos dentro do tratamento do vaginismo. Mencionei muito por cima as minhas experiências e as minhas impressões sobre alguns detalhes dessa descoberta. Descobri logo de cara que não é qualquer filme pornô que me agrada e que acima de tudo eu acreditava por algum motivo que mulheres se excitarem com filme desse gênero era uma coisa errada. (na verdade coisa de quem foi criada em família machista e opressora como a minha...rsrsrsrsrsrsrs)
Acho que li em alguma revista feminina que homens respondem melhor a estímulos visuais por isso a fixação nesse estilo de filme, e devo ter enfiado na minha cabeça em algum momento que por isso apenas eles poderiam ver interesse nesse tipo de coisas.
Bom, venho aqui depois de 6 maravilhosos meses de cura, para contar que tudo o que escrevo acima era preconceito meu, coisa de vagínica que não se permite ousar. E que o mais interessante de tudo é que já tem gente investindo em pornografia específica para a mulherada.
Com histórias muito mais interessantes, atuações infinitamente melhores e uma fotografia de dar inveja a muito filme de Hollywood os filmes da sueca Erika Lust, são voltados especialmente, mas não exclusivamente ao público feminino.
Eu já assisti um particularmente muito bom chamado Life, love, lust, mesmo com legendas apenas em inglês o filme é de uma arte surpreendente e fica longe dos velhos clichês de filme pornôs, na verdade acho até que a classificação mais apropriada é filme erótico, por que diferente do que estamos acostumadas a ver por aí, apesar da grande maioria das cenas serem de sexo propriamente dito, não há aquele escrachamento, nem aquele abuso excessivo e desconfortável da imagem da mulher. É tudo muito bem feito e intrincado, muito real até.
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas fica aqui a minha recomendação de filme erótico/pornô. O ponto negativo fica por conta da dificuldade em encontrar os filmes para baixar ou mesmo para assistir online, e da inexistência de legendas em português, mas como as histórias são perfeitamente compreensivas mesmo para quem não tem um inglês tão bom assim, a falta de legendas não prejudica a apreciação do filme nem da história.
Espero que tenham gostado da postagem diferente de hoje.

Força, paciência e coragem na caminhada rumo a cura.
Luthy Fray

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Terapia é vida!

Seis meses se passaram após a cura, hoje não tenho nenhum problema em assumir pessoalmente que tive vaginismo. A fase da vergonha e da alimentação de tabus, ficou para trás.
Muitas pessoas atualmente quando digo que fiz terapia me perguntam o motivo de eu ter procurado auxilio psicológico, e fico muito feliz comigo mesma em poder responder sem exitar qual foi o meu problema e como ele foi curado.
Ainda não sei qual é o botão que a terapia consegue apertar em nossa cabeça que faz com que nos curemos. Se me perguntarem hoje o que foi que me fez chegar onde cheguei não vou saber explicar. Sei que foi um caminho luminoso na grande maioria dos pontos, cheio de aprendizagens e novas descobertas, coisa que sempre vou carregar comigo a partir daquele ponto. Mas não sei explicar exatamente o que foi que a minha terapeuta fez durante todo o ano em que nos vimos periodicamente, que fez com que eu finalmente conseguisse me soltar das amarras que me prendiam.
O que posso dizer a todas as meninas que procuram a cura para o vaginismo é que todas sem dúvida conseguirão encontrá-la, o que nos separa da cura é o medo, e uma hora ele vai sumir. E quando ele se for a vida vai ser outra, tenham certeza disso.
A minha vida foi mudada tanto em aspectos emocionais, quanto em aspectos práticos, tudo redefinido e reformulado. A pessoa que começou o tratamento em 2013 continua aqui, mas a versão mais nova dela é tão melhor, tão mais segura de si, que não há dúvidas que a melhor decisão que tomei foi optar pela terapia sexual!
Ainda fico muito enraivecida com as mulheres que dizem que querem se curar do vaginismo para serem mulheres de verdade, mulheres completas, acho uma fala um tanto machista, afinal que mulher precisa ser penetrada pelo pênis de um homem para se sentir verdadeiramente mulher? Ser mulher é muito mais do que se permitir ser penetrada, é aprender a respeitar o próprio corpo, é aprender a se amar, é aprender a sentir prazer sem culpa e sem precisar necessariamente de outra pessoa para isso, é aprender a lidar consigo mesma, ser mulher é muito mais complexo do que apenas ter uma relação sexual com penetração. E acima de tudo ter um relacionamento é muito mais do que ter uma relação sexual com penetração, essa é uma das coisas mais importantes que eu aprendi em todo esse caminho. O sexo é importante num relacionamento amoroso, mas sexo é muito mais do que penetração e relacionamento amoroso NUNCA é só sexo! Muitas mulheres que não passaram pelo vaginismo demoram a vida inteira para descobrir essas duas coisas e continuam alimentando conceitos machistas sobre o que é ter um relacionamento e o que é ser mulher.
Um dos meus maiores orgulhos hoje em dia foi ter feito terapia, pois ao contrário de muitas pessoas tive um problema e fui atras da tentativa de superá-lo, e como aprendi, e como perdi preconceitos com essa superação.
Tenham paciência e se aceitem meninas, são dois pontos importantes no caminho para a cura, é dessa forma que domamos nossas próprias feras!

Beijos e força a todas.
Luthy Fray.