Mostrando postagens com marcador relacionamentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador relacionamentos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Machiginismo!

Muitas vezes quando ouvimos falar de machismo e feminismo temos a impressão de que são conceitos ultrapassados dos anos 70, que hoje em dia na época do anticoncepcional, da maternidade como opção e da inserção feminina no mundo profissional nada disso existe mais.
Mas por mais incrível que possa parecer ainda vemos milhares de imagens e atitudes machistas, e muitas vezes as propagamos sem refletir sobre o que exatamente estamos perpetuando. E várias dessas atitudes e frases são exatamente o tipo de ação que a nossa sociedade considera correta e que diversas vezes nos traz aqui, ao impasse do vaginismo.
A imagem que selecionei para esse post infelizmente é de um mal gosto extremo, mas exemplifica exatamente o que quero dizer, e foi ela que me motivou a escrever hoje. Por que vemos diariamente uma série de coisas assim que nos fazem agir como se a responsabilidade de tudo fosse da mulher e que o papel do homem fosse de fato, o mesmo que desempenharia um animal irracional, apenas respeitando e respondendo seus instintos primitivos de procriação, sem que precisasse existir qualquer outro tipo de responsabilidade sobre esses atos, ou mesmo, como se não houvesse necessidade de nenhum tipo de reflexão a respeito.
Considero importante refletirmos sobre muitas brincadeiras e comentários machistas que a mídia e as redes sociais nos empurram goela abaixo todos os dias, pois muitas vezes acabamos rindo concordando e compartilhando, fazendo com que o ciclo de opressão psicológica feminina nunca termine e estejamos fadadas eternamente a assumir sozinhas responsabilidades que deveriam ser compartilhadas; sentirmos vergonha e medo de nossa própria sexualidade e muitas vezes condenar outras mulheres que tomam atitudes diferentes das que tomaríamos em seus lugares. E acima de tudo, essas impressões que nos são passadas, absorvidas e posteriormente propagadas, nos trazem um conformismo ridículo e hipócrita a respeito do papel masculino dentro da sociedade e, principalmente nos fazem ter uma visão deturpada e errônea sobre como deve ser o papel do homem dentro de um relacionamento com uma mulher, pois nos acostumamos a pensar que homem trai mesmo, por que afinal essa é a natureza deles, que precisamos estar com o corpo sempre nos moldes que a mídia prega para que sejamos desejadas por eles, que mesmo quando um homem trai a culpa é da mulher com quem ele saiu, que a mulher fica chata por que tem TPM, mas que o homem quando está chato é apenas falta de uma cerveja, uma saidinha com os amigos e uma boa noite de sexo; ah e que todo homem gosta de cerveja, e se não gostar tem algum problema com ele.
Enfim, vou colocar algumas das imagens que mais vi nas redes sociais sobre o assunto e uma reflexão sobre cada uma, para que possamos pensar e discutir mais sobre o assunto. Afinal o caminho para a cura do vaginismo requer uma série de reflexões sobre as nossas atitudes cotidianas e as nossas opiniões a respeito de determinados assuntos, muitas vezes quando entendemos por que pensamos de determinadas formas nos aproximamos mais da cura e de nós mesmas.

Homens não reclamam? Resolvem seus problemas telepaticamente? Chatice é exclusividade feminina?


Essa é tipicamente compartilhada por várias mulheres em redes sociais, aí vem a pergunta: o seu valor vem da roupa que você veste? A mulher é um ser tão simples que pode ser analisado apenas pela aparência? Ou também temos medo do poder que nossa própria sexualidade pode exercer sobre os outros?


Será que a nudez feminina é tão perigosa a ponto de precisar ser combatida com violência? Voltamos a Idade Média e nos banharemos e teremos relações sexuais vestidas, ou nessas situações tudo bem em ver de relance o próprio corpo?


Por que? Só as burras tem corpos a mostra? E embora a mídia nos bombardeie eternamente com corpos perfeitos que nunca teremos, aqueles corpos cumprem exatamente a função que lhes foi dada, ser apenas um pedaço de carne e um objeto de desejo.
Oi? Ela só precisou ficar tetraplégica! Tranquilo, todo mundo faz isso para reivindicar algo tão simples quanto a própria dignidade! É assim que se faz meninas, deixem-se agredir até terem uma lesão irreversível e sua luta vai ser respeitada! ;)


Me pergunto porque a sociedade tem medo dos seios femininos, por que um cara sair sem camisa é super natural, mas quando se trata da mulher é escandaloso até amamentar uma criança em público?


Mas ele vai te trair da mesma forma, afinal é da natureza masculina! E sim, mulher, mostrar o corpo é crime e te faz inferior aos outros seres do planeta, mostrando o corpo você dá a sociedade o direito de te julgar (embora isso vá acontecer de qualquer forma) e ao homem o direito de te tratar como um objeto! Legal, né?



Mais uma vez, escolham garotas, ou são burras, usam o corpo, e são tratadas feito lixo pelo resto das pessoas, ou são inteligentes, provavelmente feias, mas "respeitadas" de acordo com os padrões da nossa sociedade, poxa!


Eu precisava encerrar com essa da cantora Pitty, porque é simplesmente verdadeira.
Espero que tenham gostado, e que eu tenha ajudado de alguma forma o desenvolvimento de vocês no caminho a cura do vaginismo e das outra centenas de violências silenciosas que sofremos diariamente.

Beijos e força na luta!
Luthy Fray











segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Terapia é vida!

Seis meses se passaram após a cura, hoje não tenho nenhum problema em assumir pessoalmente que tive vaginismo. A fase da vergonha e da alimentação de tabus, ficou para trás.
Muitas pessoas atualmente quando digo que fiz terapia me perguntam o motivo de eu ter procurado auxilio psicológico, e fico muito feliz comigo mesma em poder responder sem exitar qual foi o meu problema e como ele foi curado.
Ainda não sei qual é o botão que a terapia consegue apertar em nossa cabeça que faz com que nos curemos. Se me perguntarem hoje o que foi que me fez chegar onde cheguei não vou saber explicar. Sei que foi um caminho luminoso na grande maioria dos pontos, cheio de aprendizagens e novas descobertas, coisa que sempre vou carregar comigo a partir daquele ponto. Mas não sei explicar exatamente o que foi que a minha terapeuta fez durante todo o ano em que nos vimos periodicamente, que fez com que eu finalmente conseguisse me soltar das amarras que me prendiam.
O que posso dizer a todas as meninas que procuram a cura para o vaginismo é que todas sem dúvida conseguirão encontrá-la, o que nos separa da cura é o medo, e uma hora ele vai sumir. E quando ele se for a vida vai ser outra, tenham certeza disso.
A minha vida foi mudada tanto em aspectos emocionais, quanto em aspectos práticos, tudo redefinido e reformulado. A pessoa que começou o tratamento em 2013 continua aqui, mas a versão mais nova dela é tão melhor, tão mais segura de si, que não há dúvidas que a melhor decisão que tomei foi optar pela terapia sexual!
Ainda fico muito enraivecida com as mulheres que dizem que querem se curar do vaginismo para serem mulheres de verdade, mulheres completas, acho uma fala um tanto machista, afinal que mulher precisa ser penetrada pelo pênis de um homem para se sentir verdadeiramente mulher? Ser mulher é muito mais do que se permitir ser penetrada, é aprender a respeitar o próprio corpo, é aprender a se amar, é aprender a sentir prazer sem culpa e sem precisar necessariamente de outra pessoa para isso, é aprender a lidar consigo mesma, ser mulher é muito mais complexo do que apenas ter uma relação sexual com penetração. E acima de tudo ter um relacionamento é muito mais do que ter uma relação sexual com penetração, essa é uma das coisas mais importantes que eu aprendi em todo esse caminho. O sexo é importante num relacionamento amoroso, mas sexo é muito mais do que penetração e relacionamento amoroso NUNCA é só sexo! Muitas mulheres que não passaram pelo vaginismo demoram a vida inteira para descobrir essas duas coisas e continuam alimentando conceitos machistas sobre o que é ter um relacionamento e o que é ser mulher.
Um dos meus maiores orgulhos hoje em dia foi ter feito terapia, pois ao contrário de muitas pessoas tive um problema e fui atras da tentativa de superá-lo, e como aprendi, e como perdi preconceitos com essa superação.
Tenham paciência e se aceitem meninas, são dois pontos importantes no caminho para a cura, é dessa forma que domamos nossas próprias feras!

Beijos e força a todas.
Luthy Fray.