quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Medo!


Estou há um bom tempo sem postar por aqui, pelo simples fato de que as vezes prefiro me afastar um pouco do assunto, viver a minha vida como se o vaginismo não existe de vez em quando me faz bem. Então me afastei durante as festas de fim de ano prezando apenas a minha paz de espírito.
Mas agora as festas acabaram e o ano começou mais uma vez, sei que nesse momento estou mais perto da cura do vaginismo do que já estive desde que iniciei a minha vida sexual, mas isso ainda não significa que cheguei a tão sonhada cura, nem sei ao certo quanto tempo ainda terei que trabalhar em mim e por mim para que a conquiste.
Comprei como tinha dito no post anterior o vibrador, cheguei em casa toda empolgada no mesmo dia e fui tentar introduzi-lo, cheguei mais uma vez na metade do caminho, não consegui colocá-lo até o final. Tinha comprado também os pesinhos para praticar o pompoarismo, mas também não consegui colocá-los até o final. Na verdade acho que me senti meio intimidada por todos esses novos objetos desafiadores no meu caminho. De início chorei, me senti mal, senti dor, parecia que todo o esforço que tinha feito até ali tinha sido completamente em vão.
Depois conversei com a minha médica que me esclareceu meia dúzia de fatos sobre a relação da adrenalina que eu libero no me corpo nesse tipo de momento em que fico tão ansiosa, e o que isso tem a ver com a contração muscular que me impediu de introduzir os dois objetos até o fim.
Ganhei alguns exercícios de relaxamento para fazer em casa, antes de tentar mais uma vez introduzir os pesos do pompoarismo ou o próprio vibrador, exercícios para fazer se conseguisse introduzi-los depois da minha ultima consulta de 2013 e exercícios para fazer se não conseguisse essa façanha.
O ano que se iniciou ainda não me trouxe a capacidade de introduzir nenhum dos novos objetos, e no fundo eu sei por que, na verdade tenho dois motivos que sei que influenciaram no meu fracasso em relação a isso, primeiro o fato de não ter feito os exercícios de relaxamento da forma correta, todas as vezes que tentei estava muito ansiosa para conseguir relaxar de fato, a verdade é que ainda tenho medo tanto do vibrador quanto dos pesos. Sinto o peso do medo cada vez que tento fazer os exercícios, e por isso sempre saio mais decepcionada do que antes de tentar.
Sei que não posso parar de tentar, pelo simples fato de que só superei o medo do absorvente interno tentando, relaxando e me esforçando, e a minha esperança é que um dia o vibrador seja como o absorvente um amigo e não algo que me cause medo nem dor.
Sei que ainda vou ter que trabalhar muito nesse aspecto, mas pelo menos tenho consciência mais do que nunca que o meu problema vem do puro e simples medo.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Um pequeno passo para uma mulher, um grande passo para uma vagínica.


Bom vamos começar do início, semana passada eu tinha feito uma postagem sobre como estava indo o meu tratamento e todos os meus problemas em relação a minha situação financeira instável e a provável interrupção do meu tratamento, e o meu amigo Marcelo Admus, me chamou a atenção para o fato de que no post eu não chamei a atenção para todos os contras em relação a aplicação da toxina botulínica, nas mulheres com vaginismo. Então antes de qualquer coisa vou começar falando um pouco desse assunto para depois contar o que ficou decidido na minha ultima consulta médica, e qual foi a minha ultima conquista no quesito vaginismo.
Quanto a toxina botulínica, é importante ressaltar que: 1º uma vez que o vaginismo na maioria das vezes é desencadeado por questões psicológicas, existem grandes probabilidades de que o problema não seja de fato resolvido com a aplicação da toxina, mesmo que depois da mesma a mulher não volte a apresentar sintomas de vaginismo, o problema psicológico em questão pode muito bem ser revertido para outros campos da vida, e pode gerar outros distúrbios. 2º com o passar do tempo a toxina vai perdendo o efeito e se a mulher ainda tiver questões sexuais a serem resolvidas é muito provável que volte a desenvolver o vaginismo da mesma forma. 3º muitas vezes para que os sintomas do vaginismo desapareçam de fato, mesmo que o problema seja transferido para outro campo da vida da pessoa são necessárias mais de uma aplicação. 4º aplicação de toxina botulínica não é nada barato, principalmente se você tiver que fazer mais de uma aplicação da mesma. Espero ter tirado as dúvidas em relação a esse assunto.
De qualquer forma, na semana passada eu fui para a terapia decidida a pedir a minha médica que tivesse essa conduta em função de alguns problemas financeiros que eu sei que aparecerão no começo do ano que vem. e do fato de que pretendo também investir o meu curto dinheirinho em outras formas de crescimento/ conhecimento pessoal que não tem sido possível por que tenho estado em tratamento por causa do vaginismo. Entrei na sessão decidida a esperar uma brecha na conversa e abordar o assunto, mas estávamos falando de como queríamos que fosse aquele encontro em si, quando usei um termo que ela sempre diz que não gosta e paramos tudo para falar do bendito termo. O resultado foi que em uma frase, mesmo sem saber ela me desmotivou completamente sequer abordar o assunto da aplicação da toxina, por que me levou a refletir e a lembrar por que de fato eu estou fazendo terapia.
Estávamos falando das obrigações que a sociedade nos impõe, quando ela "ocasionalmente" (o termo está entre "" por que eu sei que não foi por acaso que foi usado naquele contexto, mas ela fez parecer com que fosse...) mencionou a seguinte frase: "nós temos a obrigação de nos casarmos virgens, mas nem sabemos o que é virgindade."
Essa única frase dita assim em um contexto simples, quase me fez chorar, por que eu sei que de fato os meus motivos para desenvolver o vaginismo são em boa parte baseados exatamente nisso. E me vi com 25 anos sem saber de fato qual é a definição de virgindade, e por que isso é tão importante, ou por que me ensinaram a valorizar tanto isso, mas ninguém nunca de fato falou o que significava...
Mesmo assim pedi para ela não abordar o assunto naquele momento, eu precisava refletir um pouco sobre o assunto, me acalmar e lembrar que eu estava ali justamente para ter esse tipo de questionamento, que da mesma forma que eu tento incitar os meus alunos a ter questionamentos maiores sobre o mundo em que vivemos, a terapia servia para me fazer pensar e repensar todas essas coisas que aprendemos e passamos a vida inteira repetindo sem de fato saber o que são ou se perguntar por que as repetimos.
Na saída do consultório conversei com o meu marido um pouco sobre a questão e falamos da nossa situação financeira, que era na verdade o que estava me preocupando. Mas ele foi o anjo que ele sempre é, me tranquilizou e mudamos os nossos planos, resolvemos adiar as coisas que queríamos fazer e continuar priorizando o tratamento que no fim das contas tem ajudado nós dois.
Passei alguns dias refletindo sobre o que me chocou naquele sábado, e sei que tenho vaginismo por esse tipo de coisas, ainda estou tentando colocar as coisas no lugar que deveriam estar na minha cabeça, mas não é simples desaprender tudo o que se levou uma vida inteira para se absorver. Ainda falta muito para colocar ordem na casa, mas eu sei que vou chegar lá.
De qualquer forma ainda tenho mais uma coisa para contar hoje, e essa foi uma conquista que me deixou extremamente animada...
Hoje tive um momento ruim do meu dia, uma hora em que me senti estagnada em relação ao tratamento do vaginismo, como se eu estivesse simplesmente sem fazer nada para de fato chegar a cura, como se eu tivesse pensado por muito tempo que apenas ir na terapia fosse resolver todos os meus problemas.
A minha médica já tinha me dado alguns exercícios que contavam com introdução principalmente do dedo na vagina, mas eu tinha feito poucas vezes, e ficado um pouco frustrada ao tentar inserir um absorvente interno sem sucesso, por isso tinha deixado esses exercícios meio de lado, e não estava me preocupando por que ela disse para eu só realizá-los quando estivesse me sentindo segura para isso.
Então peguei meu espelho, meu lubrificante vaginal, meus absorventes internos, coloquei uma música bem relaxante, e tentei primeiro introduzir o dedo indicador. Não foi fácil, mas pelo menos agora estou aprendendo a controlar os músculos do assoalho pélvico, então quando começo a sentir dor me concentro em relaxar essa musculatura. Consegui introduzir o dedo sem lubrificante, era hora de tentar o absorvente (daqueles que tem aplicador...), e aí me peguei pensando, caramba, o absorvente não é tão maior que o meu dedo, se eu consigo o dedo vou conseguir o absorvente também. Dei um banho de lubrificante no absorvente e lentamente foi introduzindo, me forçando a relaxar, e quando menos esperava ele estava inteiro do lado de dentro e a dor foi tão pouca que eu quase não senti.
Passei o resto do dia super feliz com o meu pequeno grande passo, tão feliz que até mandei um sms para a minha terapeuta que me respondeu com um belo parabéns e palavras de incentivo...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Meu tratamento e o impasse da toxina botulínica.

 

Faz um tempo já que não venho postando nada aqui referente ao meu tratamento especificamente. Na verdade precisava de um tempo para amadurecer tudo o que tenho descoberto sobre mim mesma na terapia, e para compreender melhor quem é essa nova pessoa que está desabrochando de mim mesma, que na verdade já estava aqui, mas muito bem escondida atrás de todas as convenções sociais e das opressões religiosas/familiares sofridas durante mais de 20 anos.
O que tenho para contar é animador e ao mesmo tempo não tão empolgante assim. Que a terapia tem dado bons resultados, não há como contestar, sou literalmente outra pessoa. Não tenho mais todo o pudor que tinha ao falar de sexo, não acho as coisas mais erradas nem me escandalizo mais com tanta facilidade quando o assunto é esse. Sei que não existe como fazer tratamento de vaginismo sem a terapia, por que os assuntos que trabalhamos são muito importantes para o nosso amadurecimento, inclusive toda aquela maturidade que não tem muito a ver com sexo. Na verdade quando penso em mim antes da terapia, me vejo como uma criança brincando de ser adulta, por que de fato encarava as coisas dessa forma, como se as coisas que a sociedade dizia serem erradas de fato fossem, e que sexualidade fosse uma coisa simples, onde há um certo e um errado e a mulher que gosta de sexo, ou que se sente confortável com ele é pior do que uma prostituta.
Quando penso nessas coisas me dou conta do quanto a sociedade e a mídia influenciam na formação do nosso pensamento e do nosso caráter. Mudar todas essas concepções me tornou uma pessoa muito mais consciente, realizada e feliz. Contribuiu muito para um “evolução” do meu relacionamento com o meu marido, da mesma forma que eu tem desabrochado de formas que eu não esperava, e acredito que o meu marido também não. (rsrsrsrs)
De fato a terapia só tem me feito bem. E posso dizer que avancei muito desde que comecei em abril desse ano. Tive muitas evoluções em tão pouco tempo, principalmente por que só vejo a minha médica duas vezes por mês. Acredito que a minha maior conquista em tão pouco tempo foi o exame médico, na verdade uma mistura de exame médico e aula de anatomia da qual o meu marido também participou. Na verdade foi como ser um daqueles bonecos que a gente vê em hospitais e em escolas, mas muito mais didático do que olhar um boneco estranho e mal explicado. Mas a maior conquista desse dia foi, não me sentir desconfortável praticamente nua na frente de duas pessoas vestidas (minha terapeuta/ginecologista e o meu marido), na verdade para mim foi algo extremamente natural, para ser sincera foi até divertida...
Agora ganho uma nova lição de casa a cada consulta, tenho feito muitos exercícios de contração e relaxamento da musculatura do assoalho pélvico, e comecei a tentar penetrar alguns objetos, na verdade até o momento apenas cotonetes, por simples insegurança minha. Descobri finalmente o que é o meu bendito hímen (hoje eu penso que coisa mais absurda, ter uma parte de mim tão polêmica e absurda e na verdade nem saber o que é, acho que é a coisa mais idiota que pode acontecer com alguém...), e vi que de fato ele já está um pouquinho rompido mesmo, pelo menos isso indica que ele não é complacente, o que para mim já é um grande alívio...
As evoluções têm sido muitas, e me orgulho cada vez mais de ver o quanto já avancei nesse caminho em busca da cura, e mais feliz ainda em ver que esse caminho não é tão complicado, nem tão desesperador quanto nos parece no início, quando ainda não temos tratamento, ou quando o tratamento ainda é muito novo para que possamos enxergar tudo isso.
Bom, agora vamos ao impasse da questão.
Faz umas semanas que tenho me pegado pensando em uma alternativa que a minha terapeuta/ginecologista tinha comentado comigo no inicio do tratamento, que ela só fazia em casos específicos por motivos específicos, mas que era se não a cura de fato, levam a ela de forma mais rápida. Vocês que lidam com o assunto a bastante tempo já devem ter sacado do que eu estou falando. De fato estou me questionando sobre o uso da famosa toxina botulínica no tratamento do vaginismo, nosso tão polêmico Botox®.
Ela já tinha me dito que aplicou em outra paciente, mas que não recomendava por que as causas do vaginismo são psicológicas, e normalmente quando se toma esse tipo de atitude você transfere o problema para outro aspecto da sua vida. Entendo que temos que lidar com as nossas dificuldades, com os nossos complexos e etc, etc, etc. Mas também estou em um momento decisivo financeiramente, uma vez que com o final do ano a minha vida profissional volta a ser incerta. Sei que a terapia já me trouxe milhões de avanços como pessoa, mas não quero ter que interromper o meu tratamento sem um grande avanço físico.
Ainda estou tomando coragem para conversar com a minha médica sobre essa decisão, e na verdade estou rezando para que ela não se recuse a realizar esse procedimento, ou simplesmente o desaconselhe. No início fiquei muito depressiva quando me peguei pensando nisso, pelo simples fato de que me pareceu estar desistindo de tudo o que consegui a te aqui e dizendo que não sou capaz de conseguir sozinha, mas na verdade não é isso. Quero fazer a aplicação e continuar a terapia, mas tenho medo da possibilidade de ter que parar e perder tudo o que já conquistei até aqui.
De qualquer forma ainda estou amadurecendo a ideia, lendo muitos artigos na internet sobre o assunto, para depois conversar com a minha terapeuta.
Quero aproveitar o post de hoje para fazer uma indicação literária a todas as pessoas que buscam tratamentos alternativos para o vaginismo. Eu encontrei um livro muito interessante, e bem baratinho, diga-se de passagem, que fala um pouco da utilização de florais no tratamento de disfunções sexuais, chama “O sexo e as flores” a autora chama Liany Silva dos Santos. Muito interessante para aquelas pessoas que assim como eu procuram outras formas de nos levar a cura.
Espero que tenham gostado do meu retorno.
Beijos e sucesso a todos (as)!!!!!!!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CONTRADIÇÃO


Ainda consigo ficar impressionada com o tamanho da hipocrisia e da opressão das pessoas do nosso país. Por que sinceramente o tumulto que uma cena de dançarinos nus tem causado na internet tem me deixado em choque.
Antes de mais nada estamos falando de um programa direcionado para adultos (e mesmo que não fosse, crianças também tem corpos e não nascem vestidas, e na verdade acho que ela só enxergam o fundamento das roupas por que são ensinadas pelo adultos...), com a proposta de discutir Amor e SEXO. E antes que se diga qualquer coisa sexo por definição não é MASCULINO e FEMININO? A maior forma de expressão de masculino e feminino no nosso corpo não são os órgãos genitais, perpetuamente escondidos sob várias camadas de roupas?
Na minha opinião o escândalo das pessoas em relação a isso, só prova o quanto a nossa sociedade ainda é extremamente reprimida em relação a sexo, e isso se reflete em quase tudo o que vivenciamos. Muitas pessoas acreditam que o funk é a maior prova do excesso de liberdade sexual, na verdade se analisarmos a situação de uma forma mais critica e menos baseada no senso comum, vamos perceber que a questão do funk é exatamente o contrário. É a maior das consequências da repressão sexual que sofremos por tantos séculos. As coisas são muito escancaradas no funk com a intenção de chocar, de jogar na cara da sociedade que sexo é isso mesmo e que fazemos mesmo, tanto que faz mais sucesso entre os adolescentes que passam exatamente por essa fase, e digo isso por que quando eu estava com essa idade as minhas atitudes era exatamente assim. Mas o que mais percebo é que entre essa mesma população de adolescentes, que amam o funk, acontece na realidade duas coisas após o fim dessa fase, aliás em função de tudo isso muitas vezes é encerrada previamente em função de gestações não planejadas, e esse é o primeiro fim da fase funk, a segunda coisa que acontece, e que quando crescem se saem dessa fase de normalmente viram o que eu chamo de evangélico de cabresto (que fique bem claro que eu não tenho nada contra nenhuma denominação religiosa, apenas não suporto fanatismos e repressões religiosas...), uma atitude que na verdade se baseia mais na culpa que eles sentem por ter tido atitudes sexuais tão exacerbadas do que em função de fé propriamente dita.
Tradução a opressão sexual é tão grande na nossa sociedade que até mesmo os jovens que por um tempo tentam mesmo que da forma errada se libertar acabam sucumbindo a toda essa hipocrisia e depois acreditam estarem errados.
Não sou fã de funk, nem grande defensora desse estilo musical, se é que dá para chamar assim, mas acredito realmente que essas coisas só existem por que a nossa sociedade ainda é muito opressora e machista.
Como falar que a música fala mal da mulher, quando várias meninas gostam, quando estão acostumadas a serem chamadas assim pelas mães, pelos pais, pelo avós, que mal tem se em casa são tratadas da mesma forma? Na verdade elas estranham é na escola quando o professor se refere a elas com respeito e com carinho, aí a resposta é a agressividade.
Nossa sociedade ainda tem muitos tabus a quebrar, e no fim antes mesmo do tabu do sexo primeiro deva-se quebrar o tabu do nudismo. Afinal por que só a mulher fazer nu frontal na televisão não é impactante? Por que quando um homem aparece em nu frontal é errado? E por que no carnaval a Globeleza pode aparecer pelada no horário que for e ninguém se incomoda mais, mas um programa que se propõe a falar de sexo no meio da madrugada não pode ter dançarinos nus? Muito contraditória toda essa situação...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Médicos cubanos?!?!?!?!?!?!




Estava hoje acompanhando os manifestos pelo Brasil a fora, quando vi que o manifesto do dia na verdade é de médicos, que são contra o que nós, a mídia e as redes sociais chamamos de "importação de médicos". Apenas para os que por alguma razão não sabem o que vem acontecendo, vou explicar melhor qual é o projeto do governo brasileiro e qual é a polêmica em volta de tudo isso.
O nosso querido governo (não posso aqui falar apenas de presidente, afinal de contas nada é aprovado apenas pela presidência), está com um projeto que visa trazer médicos de Cuba para atender aqui no Brasil, uma vez que a nossa saúde é precária e coisa e tal e tal e coisa.
É claro que os médicos brasileiros são contra, como assim, você vai trazer pessoas de outro país para fazer o que os profissionais daqui já fazem?
Mas aí entramos em dois empasses que ninguém se lembra de falar, na verdade três, mas o terceiro vai ser discutido com toda certeza, uma vez que é contra o governo, e tudo o que é contra o governo da audiência e polêmica.
Então já que é para falar e polêmica, que comecemos pelo terceiro ponto, vamos falar da parcela de culpa do governo nisso tudo, é claro que não temos investimentos na construção de novos hospitais, que os hospitais que já existem, muitas vezes não tem materiais nem estrutura para alguns tratamentos e exames, isso é evidente dentro da nossa sociedade, todas as pessoas que já precisaram do Sistema Único de Saúde, o nosso famoso SUS sabem disso, ou já passaram por algum problema relacionado a falta de materiais e investimento em geral nos nossos hospitais e postos de saúde, agora lindamente chamados de UBS (Unidade Básica de Saúde), mas que continuam funcionando como os nossos antigos postos, pois a única mudança real foi o nome mesmo. O nosso governo de fato não investe como deveria a verba da saúde, isso sem contar que os médicos, pelo menos os contratados pelo Estado de São Paulo, ganham tão mal quanto os professores e os policiais. E realmente não existe por que trazer médicos de outros lugares se não temos condições de trabalho digno nem para os médicos que estão aqui. Ponto essa é a parcela de culpa dos nossos governantes.
Agora vamos discutir os outros dois pormenores que nada tem a ver com os políticos. Antes de qualquer coisa estamos falando de um blog voltado para as pessoas que de alguma forma sofrem com o vaginismo, acredito que não seja uma situação estranha apara ninguém que já começou o tratamento, ou estar começando, ir a um ginecologista, que na verdade nunca ouviu falar sobre vaginismo, e não sei se é por não saber do que se trata faz aquele exame físico que é como cortar a mulher por dentro, e realmente acredita que na verdade é frescura da mulher, afinal ela não pode estar sentindo tanta dor! Ou aquele médico que sabe do que se trata, sabe que o tratamento é mais complicado do que um psicólogo pode dar conta, mas te indica aquele "profissional" amigo que é psicólogo, e ainda tem a cara de pau de dizer que o seu parceiro vai te largar se você não conseguir permitir a penetração vaginal logo (como se isso fosse uma opção sua, mais uma vez, uma frescura da mulher), pelo menos eu passei por ambas situações quando comecei a procurar tratamento.
Então o primeiro contraponto que temos aqui é que muitas das especialidades médicas não são do interesse dos nosso médicos, e não digo isso apenas baseada nas minhas experiências, já ouvi relatos desse interesse da minha própria médica ao compartilhar casos médicos que tem a ver com sexualidade.
E agora vamos finalmente ao ultimo ponto, para quem não sabe, no interior do país, sabe, realmente no meio do mato, onde não há computadores e internet, precisa-se desesperadamente de médicos, a remuneração inclusive é absurdamente maior, mas os médicos não se interessam em ir trabalhar nesses locais, inclusive por que se aqui o investimento em equipamentos hospitalares já é tão pouco, imagine nesses locais, então nada mais simples do que trazer gente de fora que desconhece essa situação, lhes prometer a mesma remuneração e jogá-los nesses lugares, onde quase não existem recursos..., bom, voltamos a falar mal do governo! Mas além da cupa óbvia dos nossos governantes nesse assunto, vamos pensar um pouquinho, antes de explodir as ondas de protestos pelo país a fora e de surgir esse projeto da "importação" de médicos, ninguém se pronunciou, exigindo mais recursos para a saúde das áreas mais remotas do país, por que agora?
O fato é, não sou completamente a favor dos médicos, mas também não sou completamente a favor do governo, acho que a nossa sociedade ainda tem que mudar muito para ser no mínimo aceitável, e acredito que nós vagínicas deveríamos também estarmos lutando por nossos direitos, ou pelo menos pelo direito de ter um tratamento digno nos hospitais e um acompanhamento de verdade, não o faz de conta dos centros de tratamento como o CATVA.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O exercício do espelho



Estou um pouco atrasada em relação ao objetivo primordial desse blog, que é contar como está sendo o meu tratamento,mas pretendo colocar isso em dias agora que finalmente entrei de férias!
Bom agora estou num trabalho realmente psicológico com a minha terapeuta, conversamos bastante já sobre o fato de sexo ser tabu e por que, falamos sobre atos sexuais, sobre relação sexual, sobre sexualidade e distúrbios sexuais masculinos e femininos.
E agora finalmente entramos na fase dos exercícios para fazer em casa, que também ainda tem muito mais a ver com a questão psicológica presente no vaginismo do que com as questões físicas.
O nosso (digo nosso, por que o meu marido, que frequenta as sessões comigo também tem que fazer, mesmo que seja sozinho) primeiro exercício parece muito simples a nossos olhos e só quando começamos a fazer nos demos conta do quanto poderia ser incomodo. Se tratava de, uma vez por dia, durante 10 minutos nos olharmos no espelho, primeiro o rosto e depois ir descendo (obviamente que o exercício deveria ser feito sem roupa, afinal se olhar no espelho vestido acho que todo mundo olha o tempo inteiro), mas só olhar o próprio corpo por 10 minutos diários!
Tenho que admitir que de início, foi horrível! Acho que estamos tão acostumados a nos olharmos no espelho em busca de saber como ficou nossa combinação de roupas, que nos ver sem a mesma é como não ter objetivos; eu como mulher obviamente me preocupei com gordura (engordei muito desde que casei, principalmente por que tive um problema hormonal que me deixou sem menstruar por quase 6 meses, e aparentemente é impossível emagrecer sem menstruar, muito pelo contrário, você só vai ganhando peso com o passar do tempo, em função da retenção de líquidos, acredito eu), e quando me vi no espelho a primeira imagem que me veio a cabeça como comparativo foi a Vênus Neolítica, e eu a tive que enfrentar. Com o passar do tempo as coisas foram ficando mais fáceis, mesmo por que estou em um processo de emagrecimento agora que os meus hormônios estão voltando ao normal, e foi ficando mais fácil me olhar desnuda, perceber o que gosto e o que não gosto no meu próprio corpo.
Duas semanas depois a minha médica explicou que o objetivo do exercício era de fato nos enxergar e não ver a imagem que queremos passar para as outras pessoas, por isso era tão difícil e incomodo ficar diante do espelho, e nos passou a segunda parte do exercício, que também pareceu fácil quando ouvimos, mas que se mostrou mais difícil que a primeira parte como é esperável.
Na segunda parte do exercício tínhamos que além de nos encararmos frente ao espelho, nos acariciarmos (separadamente), para ver quais as reações que tínhamos nas diferentes partes do nosso corpo, mas ainda não devemos tocar em nossos órgãos sexuais.
Acredito que foi mais difícil do que se eu pudesse me concentrar nos meus órgãos sexuais, e muito mais difícil do que apenas olhar, tanto que fiz muito mais o exercício de apenas olhar, do que o de tocar, primeiro por que, me parece de uma certa forma, que mesmo que o tempo que usamos para fazer isso seja o mesmo, dure mais e exija mais de mim do que só ficar me olhado.
É quase como explorar um lugar desconhecido, mas que já vimos diversas vezes em fotos, mas é estranho por estarmos falando do nosso próprio corpo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Será que a indignação nunca vai me abandonar???



Pessoal só estou meio sumida, por causa da correria da minha vida profissional mesmo, fim de bimestre na vida de professores é um inferno!!!!rsrsrsrsrs
Na verdade hoje eu tinha pensado em falar de um assunto que na verdade tem pouco a ver com o vaginismo, mas vi um comentário de uma leitora do blog e me revoltei!
Como é que pode um centro que abre com a proposta de ajudar mulheres com distúrbios sexuais, demorar mais de 8 meses para fazer o SEGUNDO contato com a paciente? Principalmente considerando que quase não existem centros nem profissionais especializados no tratamento de distúrbios sexuais? Se for assim nem precisa fazer alarde sobre a abertura do atendimento, afinal espera e atendimento precário não são novidades nesse nosso país!
Agora mais do que nunca entendo por que praticamente todas as vezes que entro aqui vejo pessoas pedindo o contato da minha terapeuta! Por que sinceramente se formos esperar alguma coisa da saúde pública brasileira, estamos muito sem futuro nesse mundo!
Começo a pensar nesse momento de revoltas mil (finalmente nesse país de gente conformada!!!), que o maior erro que nós vagínicas cometemos é termos vergonha do nosso distúrbio, mesmo sabendo que é um assunto extremamente pessoal e que pode afetar a nossa vida em vários aspectos, não deveríamos ter tanta vergonha assim! Não estou dizendo para sairmos gritando aos quatro ventos os problemas que temos, mas que comecemos a lutar mais pelo nosso direito a um tratamento digno e a uma cura rápida se possível! Vamos mandar e-mails insistentes para os órgãos responsáveis pela saúde pública, vamos reivindicar leis que nos assegurem o tratamento, e o tratamento digno e descente! Nós temos o direito de ter o tratamento na rede pública! É obrigação do Estado!!!!
E toda essa indignação me lembra do assunto que eu queria tratar aqui inicialmente, estava passeando pela internet com o meu marido quando vimos o vídeo de um vlog que ele é acostumado a acompanhar, onde estava-se discutindo um novo estatuto em votação; no momento nem liguei muito por que o cara gosta de fazer escândalo por coisas quem nem sempre concordo. O fato é que achei que fosse jogada de marketing pra conseguir audiência, até que hoje comecei a ver protestos pela internet a fora tratando do mesmo assunto e me indignei!
Estou falando nada mais, nada menos do ESTATUTO DO NASCITURO! Pois é, segundo o qual, uma criança fruto de um abuso sexual não poderá ser abortada, e a penalidade para o causador do abuso seria ter o nome na certidão de nascimento e pagar pensão a criança até que a mesma complete 18 anos!
Bom, não sei se alguém por aqui já percebeu que eu tenho a tendencia feia a ser explosiva, mas como isso me indignou e me chocou! Acredito que muitas das mulheres que leem esse blog foram vítimas de abusos sexuais, afinal não é segredo para nenhuma de nós que uma das causas do vaginismo é exatamente essa, então todas vocês que já passaram por esse trauma, imaginem se surgisse uma criança, fruto desse abuso: não seria extremamente complicado criar um filho que foi concebido nessas condições? Olhar no rosto dessa criança e ver os traços da pessoa que mais te desrespeitou na vida? E ainda por cima conviver com o nome dessa criatura no documento que atesta a existência do seu filho e ainda sustentar a criança com as migalhas que esse monstro vai lhe dar como se de alguma forma isso diminuísse o seu sofrimento ou o da criança?
Onde é que esse país vai parar? Quando é que vão parar de aparecer coisas tão absurdas? Já não basta não ter segurança, nem educação, nem saúde, seremos abusadas e ainda precisaremos lidar com a responsabilidade de tudo como se fosse a nosso completa culpa? Só falta agora dizerem que ainda estamos pagando pelo pecado da tal da Eva, e que os homens estão mais do que certos em nos violar por aí, afinal a única responsabilidade deles é "sustentar" a criança depois de tudo!
E quando eu grito por um Estado Laico as pessoas ainda me viram as costas como se fosse uma grande heresia criticar igrejas e lutar por direitos civis! Quero ver quando vocês e suas filhas forem abusados e ganharem pensões como recompensa e o pensamento consolador de que afinal é isso o que você merece por ser mulher!
O que mais vamos fazer em nome de religiões? O que mais vamos aceitar em nome de quem diz que fala por Deus, mas que na verdade não se preocupa com nada além da própria felicidade e do próprio conforto? Quando é que vamos parar para pensar que talvez Deus também queira que sejamos felizes apesar de tudo?
Enfim, muito cansada dessa Idiocracia, e dessa sociedade HIPÓCRITA E MACHISTA!