Faz um tempo já que não venho postando nada aqui referente
ao meu tratamento especificamente. Na verdade precisava de um tempo para
amadurecer tudo o que tenho descoberto sobre mim mesma na terapia, e para
compreender melhor quem é essa nova pessoa que está desabrochando de mim mesma,
que na verdade já estava aqui, mas muito bem escondida atrás de todas as
convenções sociais e das opressões religiosas/familiares sofridas durante mais
de 20 anos.
O que tenho para contar é animador e ao mesmo tempo não tão
empolgante assim. Que a terapia tem dado bons resultados, não há como contestar,
sou literalmente outra pessoa. Não tenho mais todo o pudor que tinha ao falar
de sexo, não acho as coisas mais erradas nem me escandalizo mais com tanta
facilidade quando o assunto é esse. Sei que não existe como fazer tratamento de
vaginismo sem a terapia, por que os assuntos que trabalhamos são muito
importantes para o nosso amadurecimento, inclusive toda aquela maturidade que
não tem muito a ver com sexo. Na verdade quando penso em mim antes da terapia,
me vejo como uma criança brincando de ser adulta, por que de fato encarava as
coisas dessa forma, como se as coisas que a sociedade dizia serem erradas de
fato fossem, e que sexualidade fosse uma coisa simples, onde há um certo e um
errado e a mulher que gosta de sexo, ou que se sente confortável com ele é pior
do que uma prostituta.
Quando penso nessas coisas me dou conta do quanto a
sociedade e a mídia influenciam na formação do nosso pensamento e do nosso caráter.
Mudar todas essas concepções me tornou uma pessoa muito mais consciente,
realizada e feliz. Contribuiu muito para um “evolução” do meu relacionamento com
o meu marido, da mesma forma que eu tem desabrochado de formas que eu não
esperava, e acredito que o meu marido também não. (rsrsrsrs)
De fato a terapia só tem me feito bem. E posso dizer que
avancei muito desde que comecei em abril desse ano. Tive muitas evoluções em
tão pouco tempo, principalmente por que só vejo a minha médica duas vezes por
mês. Acredito que a minha maior conquista em tão pouco tempo foi o exame
médico, na verdade uma mistura de exame médico e aula de anatomia da qual o meu
marido também participou. Na verdade foi como ser um daqueles bonecos que a
gente vê em hospitais e em escolas, mas muito mais didático do que olhar um
boneco estranho e mal explicado. Mas a maior conquista desse dia foi, não me
sentir desconfortável praticamente nua na frente de duas pessoas vestidas
(minha terapeuta/ginecologista e o meu marido), na verdade para mim foi algo
extremamente natural, para ser sincera foi até divertida...
Agora ganho uma nova lição de casa a cada consulta, tenho
feito muitos exercícios de contração e relaxamento da musculatura do assoalho
pélvico, e comecei a tentar penetrar alguns objetos, na verdade até o momento
apenas cotonetes, por simples insegurança minha. Descobri finalmente o que é o
meu bendito hímen (hoje eu penso que coisa mais absurda, ter uma parte de mim
tão polêmica e absurda e na verdade nem saber o que é, acho que é a coisa mais
idiota que pode acontecer com alguém...), e vi que de fato ele já está um
pouquinho rompido mesmo, pelo menos isso indica que ele não é complacente, o
que para mim já é um grande alívio...
As evoluções têm sido muitas, e me orgulho cada vez mais de ver
o quanto já avancei nesse caminho em busca da cura, e mais feliz ainda em ver
que esse caminho não é tão complicado, nem tão desesperador quanto nos parece
no início, quando ainda não temos tratamento, ou quando o tratamento ainda é
muito novo para que possamos enxergar tudo isso.
Bom, agora vamos ao impasse da questão.
Faz umas semanas que tenho me pegado pensando em uma
alternativa que a minha terapeuta/ginecologista tinha comentado comigo no
inicio do tratamento, que ela só fazia em casos específicos por motivos específicos,
mas que era se não a cura de fato, levam a ela de forma mais rápida. Vocês que
lidam com o assunto a bastante tempo já devem ter sacado do que eu estou
falando. De fato estou me questionando sobre o uso da famosa toxina botulínica no
tratamento do vaginismo, nosso tão polêmico Botox®.
Ela já tinha me dito que aplicou em outra paciente, mas que
não recomendava por que as causas do vaginismo são psicológicas, e normalmente
quando se toma esse tipo de atitude você transfere o problema para outro
aspecto da sua vida. Entendo que temos que lidar com as nossas dificuldades,
com os nossos complexos e etc, etc, etc. Mas também estou em um momento
decisivo financeiramente, uma vez que com o final do ano a minha vida
profissional volta a ser incerta. Sei que a terapia já me trouxe milhões de
avanços como pessoa, mas não quero ter que interromper o meu tratamento sem um
grande avanço físico.
Ainda estou tomando coragem para conversar com a minha
médica sobre essa decisão, e na verdade estou rezando para que ela não se
recuse a realizar esse procedimento, ou simplesmente o desaconselhe. No início
fiquei muito depressiva quando me peguei pensando nisso, pelo simples fato de
que me pareceu estar desistindo de tudo o que consegui a te aqui e dizendo que
não sou capaz de conseguir sozinha, mas na verdade não é isso. Quero fazer a
aplicação e continuar a terapia, mas tenho medo da possibilidade de ter que parar
e perder tudo o que já conquistei até aqui.
De qualquer forma ainda estou amadurecendo a ideia, lendo
muitos artigos na internet sobre o assunto, para depois conversar com a minha
terapeuta.
Quero aproveitar o post de hoje para fazer uma indicação literária
a todas as pessoas que buscam tratamentos alternativos para o vaginismo. Eu
encontrei um livro muito interessante, e bem baratinho, diga-se de passagem,
que fala um pouco da utilização de florais no tratamento de disfunções sexuais,
chama “O sexo e as flores” a autora chama Liany Silva dos Santos. Muito
interessante para aquelas pessoas que assim como eu procuram outras formas de
nos levar a cura.
Espero que tenham gostado do meu retorno.
Beijos e sucesso a todos (as)!!!!!!!